Análise da organização do trabalho nos Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção Básica no Rio de Janeiro

Abstract

Resumo A implantação dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF) fomentou estratégias de cuidados mais dialógicas e o acompanhamento de grupos populacionais que, historicamente, tinham pouco acesso à Atenção Primária à Saúde (APS). No município do Rio de Janeiro, oscilações na gestão federal e municipal implicaram redução ou eliminação dessas equipes. Para apreender os impactos desse cenário no cotidiano das equipes do NASF, esta pesquisa analisou documentos normativos e a percepção dos profissionais a respeito da organização do trabalho. Para tanto, realizou-se pesquisa qualitativa que utilizou coleta de dados, análise documental e entrevistas semiestruturadas com oito profissionais do NASF de uma região do Rio de Janeiro, entre agosto de 2019 e fevereiro de 2020. O tratamento dos dados baseou-se na análise de conteúdo. Os resultados expõem os impactos das mudanças nas diretrizes de organização e financiamento do NASF e abordam a percepção dos trabalhadores sobre o processo de trabalho. Assim, evidenciou-se que o NASF apresenta grande potencial de qualificação das ações e intervenções no contexto da APS, porém, a crescente precarização do trabalho sobrecarrega os trabalhadores e dificulta o alcance de seus objetivos originais.

Quality of health care in Primary Care: perspective of people with Diabetes Mellitus

“…However, in the present study, NASF professionals’ work was limited, since more than half of the interviewees reported not having been invited to participate in collective group activities on issues related to treatment, and this is in line with the findings of other studies ( 30 - 31 ) . It should be noted that NASF professionals’ work has the potential to promote the autonomy of users, as it favors health awareness and changes in lifestyle, especially in the case of people with chronic conditions.…”

Formação para atuação na Atenção Básica: a perspectiva de egressos de um curso de Terapia Ocupacional

“…Por outro lado, estudos sobre o funcionamento do NASF-AB revelaram a precarização do trabalho neste dispositivo onde os trabalhadores enfrentam os seguintes problemas: equipes de apoio que não se articulavam bem com as equipes nucleares da SF; a avaliação do trabalho não correspondia à realidade; dificuldades de manejo de ferramentas de trabalho inovadoras, como, por exemplo, o apoio matricial; excesso de equipes de SF para serem apoiadas por uma mesma equipe do NASF; alta rotatividade de profissionais; grande demanda de cuidados; falta de apoio da rede de saúde (Gonçalves et al, 2015;Lancman et al, 2013;Melo et al, 2018, Saporito et al, 2022. Assim, além das fragilidades na formação apontadas pelos participantes da pesquisa, este quadro de precariedade no trabalho também pode contribuir para o pouco interesse dos egressos em trabalhar no âmbito da Atenção Básica.…”

“…Em 2017, com a revisão da Política Nacional de Atenção Básica (Brasil, 2017), as propostas previstas para o NASF foram modificadas e o seu escopo de atuação foi reduzido em decorrência do aumento de sua abrangência, visto que passou a trabalhar também em conjunto com equipes de Atenção Básica, mudando a sua denominação para Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica -NASF-AB (Saporito et al, 2022). Já em 2023, foram instituídas as equipes Multiprofissionais na Atenção Primária à Saúde -eMulti, que passaram a contar com incentivo financeiro federal (Brasil, 2023).…”