Singularidades do trabalho rural: masculinidades e procura por serviços de saúde em um território norte mineiro

Abstract

Resumo Este artigo apresenta um panorama sobre as percepções de homens residentes em um território rural do norte de Minas Gerais, Brasil, sobre a sua masculinidade e as interferências do trabalho na procura por serviços de saúde ofertados por uma equipe da estratégia de saúde da família. O método priorizado foi a hermenêutica-dialética com a observação participante, registros em um diário de campo e a realização de 41 entrevistas individuais. A análise dos dados evidenciou que o trabalho rural e o modelo de masculinidade hegemônica direcionam esses homens para o papel de provedor financeiro das famílias. A maioria dos trabalhadores só procura os serviços de atenção primária à saúde quando apresentam condições agudas que interferem na execução do trabalho, considerando a unidade básica de saúde como um espaço feminino. As formas como as masculinidades e os serviços de saúde se colocam nesse território suscitam sentimentos de distanciamento dos trabalhadores rurais das práticas de cuidado em saúde. Um dos grandes desafios é o desenvolvimento de ações que aproximem esse público da equipe de saúde e vice-versa, contribuindo, assim, para o acesso, o acolhimento e a vinculação dos cuidados à população masculina.

Horário Especial Para Atendimento Do Trabalhador Na Atenção Primária À Saúde: Revisão Sistemática Da Literatura

“…Relação masculinidade e uso dos serviços de saúde Miranda et al (2021) relatam que a relação entre a masculinidade e o uso dos serviços de saúde pelo trabalhador rural é permeada pela dificuldade da aceitação acerca do adoecimento e do reconhecimento das próprias necessidades de saúde. Esse público ainda se mostra afastado das práticas de saúde da ESF, acarretando sua invisibilização para os serviços de saúde.…”

“…Receberam visita dos Agentes Comunitários 85%, e de outros profissionais 40%, sugerindo diferenças na incorporação do território ao processo de produção do cuidado. Miranda et al (2021) evidenciaram ainda que, nos serviços da nos quais foram disponibilizados atendimento no horário do almoço, atendimento 24 horas, aos sábados e domingos ou que criaram um terceiro turno à noite, houve uma maior presença masculina nessas novas configurações ampliadas de atendimento. A maioria dos trabalhadores só procura os serviços de APS quando apresentam condições agudas que interferem na execução do trabalho, considerando a unidade básica de saúde como um espaço feminino.…”

Fatores Dificultadores Para O Acesso E Acompanhamento De Rotina Do Homem Nas Instituições De Saúde: Revisão Integrativa

“…Em 30%, a dificuldade foi relacionada à ausência de um dia específico para o atendimento do público masculino (6,10,12). Em 20% foi manifestado o comodismo (4,14), a transgressão da masculinidade (5,11), o medo em realizar o exame e confirmar um diagnóstico ruim (5,15), abordagem de uma perspectiva curativa (6,14), o patriarcalismo (9,11) e a demora no atendimento (10,12). E em 10%, o desconhecimento de Políticas Públicas de Saúde do homem pelo profissional de saúde (13), bem como a dificuldade em se abrir com outro profissional (13), tendo em vista a quebra ou a não formação do vínculo.…”

“…Sendo assim, pode-se inferir que homens precisam de incentivo para se sentirem maismotivados a frequentar rotineiramente os estabelecimentos saúde. Esta falta de investimento na saúde do homem pela gestão pode gerar o desconhecimento da própria política de saúde do homem pelo profissional da rede e contribuir para dificultar o acesso do homem e ampliar a dificuldade em se abrir com outro profissional e confiar no mesmo (6,13,14).…”