Práticas de saúde entre prostitutas de segmentos populares da cidade de Santa Maria-RS: o cuidado em rede

Abstract

O artigo apresenta resultados de pesquisa sobre percepções e práticas de saúde entre prostitutas de bares da cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul. Para tanto foram investigados, através de técnicas de observação participante e de entrevistas semiestruturadas, as práticas e os cuidados de saúde dessas mulheres e a forma como se relacionam com os serviços de saúde. Entre as mulheres, no contexto pesquisado, foi identificado um "cuidado em rede" como estratégia de cuidado com a saúde, o qual é acionado em diferentes situações, como as que envolvem o cotidiano do trabalho. Conclui-se que as redes estabelecidas excedem o nível individual de cuidado, configurando produção de conhecimento em saúde, bem como se articulam decisivamente como resposta a vulnerabilidades, socializando práticas e contornando dificuldades.

Variáveis Do Treinamento De Força: Uma Breve Revisão Bibliográfica

“…Com relação ao tempo total de prostituição, a média de tempo em que realizavam programa era de 10,1 anos, variando de 1 a 40 anos de prostituição. Essa grande variação no tempo de prostituição foi encontrada não só em relação às entrevistadas, mas no contexto geral da pesquisa (Bonadiman et al, 2012). Em relação aos benefícios sociais, 90% das mulheres informaram não estar vinculadas a programas sociais do governo federal e estadual.…”

“…Suas entrevistadas revelavam, por exemplo, lavar com duchas as partes do corpo que entraram em contato com os clientes após o programa. Esse cuidado é entendido pelas mulheres de duas maneiras: relacionado a uma maneira de distinguir as relações que mantinham com seus companheiros e com seus clientes -como modo de demarcar fronteiras entre as diferentes relações -e enquanto forma de cuidar da saúde" (Bonadiman et al, 2012).…”

Mulheres: prostituição e cuidados

“…Advertiu-a ao realizar o programa, pegar o pagamento deste e retirar-se do quarto junto ao cliente envolvida numa toalha, com sua carteira em mãos e somente duchar-se após essa sequência (Leite, 2009). O ato de duchar-se posteriormente aos programas, por mais que seja considerado um ato corriqueiro realizado pelas prostitutas é um costume realizado por toda pessoa, e é um aprendizado que vem de casa, de modo a ser orientado entre mãe e filha, a partir da hora em que a filha começa a ter relações sexuais (Bonadiman et al, 2012). Leite (2009) relatou que no começo de sua profissão beijou na boca de um cliente e o cliente comentou que ela era muito afetuosa, ao contrário das outras prostitutas, e caiu em si de que teria que mudar sua forma de agir, visto que foi considerada tão diferente das outras.…”

“…Os seus clientes a admiravam por esse zelo que possuía e estes cuidados os conquistavam. Bonadiman et al (2012) relataram que em um estudo realizado por Pasini (2000 b), as prostitutas demonstraram um profundo asseio quanto à higiene corporal. Assim, por mais que não fossem às consultas médicas regularmente, a higiene corporal exercida por elas foi uma forma de promoção de saúde.…”

“…Os cabelos, normalmente muito arrumados. Não percebia nenhuma discrepância que fazia distinguir elas (prostitutas) de outras mulheres que estavam nos arredores (Bonadiman et al, 2012).…”