A 'verdade' da ciência a partir de uma leitura psicanalítica

Abstract

O presente trabalho tem como objetivo situar de que maneira a ciência se torna a principal representante do discurso social, assumindo a função de nomeação do sujeito no mundo moderno, sendo responsável pela produção de objetos que visam ao suturação da falta. Discute o ponto de conexão entre o discurso da psicanálise e o da ciência no que concerne à divisão do sujeito entre saber e verdade

sujeto silenciado por el discurso médico: un estudio sobre el diagnóstico de la depresión desde la perspectiva del psicoanálisis

“…2022;e193701 Departamento de Psicoanálisis | Universidad de Antioquia ta de saber. Neste discurso, ocorre a substituição de algo que estava na posição do discurso do mestre como um não-saber-de-tudo, para algo que tudo-sabe (Sanada, 2004). Couto et al (2018) afirmam que o discurso universitário é uma síntese de como o saber circula no laço social da atualidade, e parece ser o que mais se assemelha ao sistema econômico e científico vigente (Sanada, 2004).…”

“…Podemos considerar que o discurso da ciência operaria como um discurso universitário, já que a ciência se tornou a principal representante do discurso social, com a função de nomear os sujeitos e produzir objetos que prometem suturar a falta (Sanada, 2004). Para Lacan, a ciência é responsável pelo mal-estar na civilização, pois o que ela propaga é uma assepsia subjetiva (Torezan & Aguiar, 2011), sem espaço para as singularidades, acreditando possuir as respostas para todas as questões dos sujeitos.…”

“…O objetivo deste discurso é o de produzir um sujeito em consonância com o saber teórico, não sendo necessário associá-lo com significantes da história individual (Brandão, 2019). Ao propor uma universalização dos conceitos, a ciência escamoteia a falta dos sujeitos por dois caminhos: na forma como lida com o corpo, tomado meramente como organismo, e na equivalência proposta entre sujeito e objeto, em que instrumentos são produzidos para subtrair o sujeito de seu saber (Sanada, 2004).…”

“…O sujeito que se intitula com o "eu sou depressivo" utiliza uma denominação que promove um fechamento do sujeito em si mesmo, sem abertura para o pensamento acerca de si (Sanada, 2004). Assim, o "eu sou" possui correlação com o "eu não penso" e promove uma ilusão de que não há falta para o sujeito, o qual se encontra suturado pelo discurso médico.…”

O deslocamento do “Terceiro”: ascensão e declínio da civilização

“…Atualmente, a ciência faz emergir uma nova modalidade desse imperativo de gozo absoluto, e acaba por configurar-se como a principal figurante no que diz respeito a representação do discurso social (SANADA, 2004). Passa-se a admitir apenas uma autoridade que se delega carismática, e o discurso científico, enquanto modo de proporcionar uma vida regida pelo Princípio de prazer, pode ser outorgado como tal (MELMAN, 2003).…”