A alienação eternizada: uma abordagem estrutural de um caso clínico

Abstract

Este trabalho é uma aplicação de uma estratégia clínica baseada no conceito de alienação, tal como definido por Jacques Lacan, para o atendimento de uma criança considerada psicótica e sua mãe. Tal estratégia, proposta por Jussara Falek Brauer, prescreve um atendimento individual, com uma sessão semanal, para a criança e para a mãe. Considera a estrutura familiar e pretende lidar com as determinações estruturais sobre a constituição do Sujeito. Dois momentos são especialmente focados - quando o trabalho é iniciado e outro posterior - que exemplificam a mudança de posicionamento dessa criança, em função do processo terapêutico em curso. Os conceitos teóricos que embasam esta abordagem - a Alienação, a Topologia Lacaniana da Constituição do Sujeito, o Significante, o Inconsciente, a Castração, o Fetiche, a Perversão, a Separação - são apresentados e relacionados ao material clínico. Algumas hipóteses são apresentadas a respeito da estrutura psíquica da mãe, considerando a evolução observada e as mudanças de posicionamento dessas pessoas, que levam ao estabelecimento de uma hipótese diagnóstica para a filha.

Ressonâncias psíquicas maternas na psicose do filho: uma leitura psicanalítica

“…O filho se remete à mãe como Outro alienando-se nela, enquanto a mãe também se aliena de algum modo no filho ao desparecer como sujeito e ao viver em função da condição psicótica. Suas próprias questões subjetivas, não simbolizadas, emergem na relacionamento mãe-filho (Bruder, 2000), situação muito emblemática especialmente no caso de Laura e Davi.…”

“…O que está em jogo diz respeito a um corte no gozo para que haja a autorização de uma posição desejante do filho. Assim, podem se constituir dois sujeitos separados, não vinculados em suas demandas de amor (Bruder, 2000). O superego feroz e mortificante presente nos discursos de Fátima e Laura pode ser interpretado a partir do questionamento de ambas acerca de suas implicações nas psicoses dos filhos: "será que fui eu que adoeci meu filho?…”

“…Em Duas notas sobre a criança, Lacan (1969) aponta que o sintoma predominante da criança possui relação com a subjetividade materna, posto que é diretamente como correlativo de um fantasma em que a criança está implicada. A psicose, então, seria uma forma de responder ao fantasma parental, especialmente com o que se relaciona com o desejo materno, pois a criança estaria ocupando o lugar de objeto no fantasma materno (Bruder, 2000). Nessa perspectiva, o fantasma ou a proximidade do fantasma materno incidem sobre a atribuição da culpabilização de si como possível causa do adoecimento dos filhos.…”