O presente artigo se utiliza das páginas de um dos primeiros jornais de Petrópolis, O Parahyba, para repensar a visão que se tem da escravidão nesta cidade durante o século XIX, período em que a região representou a sede de verão da corte imperial. A partir de uma análise das propagandas e notícias do periódico publicadas entre 1857 e 1859, imediatamente após a elevação de Petrópolis à categoria de município, descortina-se algumas características da escravidão na região, analisando estatisticamente o peso que o cativeiro teve no cálculo geral dos anúncios, o perfil dos escravizados anunciados e as dinâmicas relacionadas às fugas, identificando também nos discursos dos redatores e anunciantes aspectos que visam desqualificar a população negra. O exame quantitativo e qualitativo dessas fontes indica a reprodução em Petrópolis de alguns dos principais traços da escravidão brasileira oitocentista.