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ResumoOs parâmetros não tradicionais derivados da bioimpedância elétrica (BIA) como reatância, ângulo de fase e massa celular estão cada vez sendo mais utilizados na prática clínica para auxiliar no diagnóstico nutricional dos pacientes com doença renal crônica e, consequentemente, no prognóstico clínico dessa população. O presente estudo teve por objetivo avaliar a relação dos parâmetros derivados da BIA com o estado nutricional de pacientes em hemodiálise. Estudo transversal, realizado com trinta pacientes adultos de uma clínica de Nefrologia localizada na região metropolitana de São Paulo. Foi utilizada a BIA para avaliar esses parâmetros, assim como para avaliar a composição corporal. A amostra foi constituída por homens e mulheres com média de idade de aproximadamente 56 anos. O ângulo de fase dos pacientes foi de 5,9±1,6 graus e apresentou uma correlação negativa com idade (r= -0,69, p< 0,001) e água corporal extracelular (r= -0,93 p< 0,001). A média de reatância foi de 50,9±16,08 ohms e apresentou correlação negativa com a água extracelular (r= -0,82, p<0,001) e positiva com a massa celular (r=0,51, p<0,004). Em relação ao percentual de massa celular, a média foi de 36,8± 6,1%, sendo que a mesma apresentou uma correlação negativa com a idade (r= -0,66, p< 0,001), gordura corporal (r= -0,73, p< 0,001), água corporal extracelular (r= -0,82, p<0,001).Conclui-se que os parâmetros não tradicionais derivados da BIA apresentaram boa associação com o estado nutricional dos pacientes, podendo dessa forma, serem aliados importantes para obtenção do melhor diagnóstico nutricional e, consequentemente, do prognóstico dos mesmos durante o tratamento dialítico.
Palavras
IntroduçãoA doença renal crônica -DRC é uma síndrome clínica decorrente da perda lenta, progressiva e irreversível das funções renais. Devido ao seu caráter irreversível, grande parte dos pacientes evolui para estágios mais avançados, fazendo-se necessário o emprego de terapia substitutiva dos rins, sendo a diálise ou o transplante renal (DRAIBE, 2002). De acordo com o Guia Americano de Práticas Clínicas (Kidney Disease Outcome Quality Initiative-K/DOQI), o início do tratamento dialítico ou o transplante renal deve ocorrer quando a taxa de filtração glomerular estiver ao redor de 10 ml/min., ou caso o paciente apresente sintomatologia urêmica ou deterioração do estado nutricional (K/DOQI, 2002).As modalidades dialíticas mais empregadas, atualmente, são a hemodiálise (HD), que utiliza um filtro artificial e a diálise peritoneal, que utiliza a própria membrana semipermeável do peritônio como um filtro natural para a remoção de solutos urêmicos e de água anormalmente acumulados (CUPPARI et al., 2002). A HD é a principal modalidade dialítica empregada atualmente. No Brasil, o último censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia registrou que 84% dos pacientes com DRC estão em programa de HD (SBN, 2012). Embora o grande desenvolvimento científico e tecnológico nas terapias de reposição renal, a morbidade e a mortalidade da população em HD continuam elevadas....