Resumo: Este trabalho tem como eixo central evidenciar o papel que a multifuncionalidade das atividades na zona rural assume como promotora de novas formas de solidariedade entre os agricultores, ajuda na complementação de renda e preserva o meio ambiente, garantindo o desenvolvimento sustentável para as comunidades. Entende-se por multifuncionalidade, “os dispositivos coletivos dos agricultores que asseguram, geralmente, de maneira gratuita, o manejo de recursos comuns e ou a produção de bens públicos de interesse geral” (SABOURIN, 2010). Na região Nordeste, a prática multifuncional, mediante gestão coletiva, permite “assegurar funções produtivas agropecuárias e funções sociais, ambientais e econômicas de interesse coletivo”, com isto, dispomos de práticas mercantis e não-mercantis dentro da lógica multifuncional (SABOURIN, 2010). Sendo assim, a partir das pesquisas bibliográficas e entrevistas realizadas com lideranças, objetivamos apresentar como as práticas agrícolas de caráter multifuncional aliadas à abordagem agroecológica presentes no Assentamento Mandacaru, localizado no município de Petrolina (PE), se tornam companheiras na preservação do Bioma Caatinga; além de proporcionar um envolvimento desde a juventude até a terceira idade nas atividades dentro do assentamento. Contando com áreas de plantio coletivo, turismo rural e ecológico e na produção e divulgação de outros produtos confeccionados dentro do assentamento, a pesquisa salienta que a multifuncionalidade praticada no Mandacaru parte da iniciativa dos assentados e é marcada pelo baixo apoio do poder público. Por fim, trazemos também o Assentamento Mandacaru como modelo para práticas de agricultura familiar e orgânica em contrapartida ao agronegócio presente na região. Os conflitos entre o rural e urbano, o agrícola e industrial, o “tradicional” e o “inovador”, ou atraso e a tecnologia, ou trabalho e o capital, surgem com força nesta discussão.