Este artigo investiga a aprendizagem e a produção de conhecimento teórico na graduação em Relações Internacionais (RI) no Brasil. Consideramos que as dificuldades do estudante para ler/escrever textos acadêmicos se relacionam a questões metacognitivas e escolhas teóricas no âmbito acadêmico. Essa hipótese fundamenta-se tanto no contexto educacional brasileiro, que prioriza conceituações, no lugar do raciocínio analítico, quanto na predominância de abordagens positivistas tradicionais, desconectadas da situação de países em desenvolvimento como o Brasil. A fundamentação teórica compreende princípios da pedagogia crítica e das ciências cognitivas, com foco em quatro ações metatextuais com a escrita: reportar, sumarizar, analisar e teorizar (NEVES, 2015). Para descrever a produção dos estudantes, propôs-se a 35 alunos da disciplina “Teoria das RI I” um roteiro de leitura diagnóstico sobre um capítulo de livro teórico. As respostas para quatro das questões mostram que a falta de pensamento autônomo na disciplina se reflete na compreensão dos alunos, expressa por meio da escrita perfunctória. Consequentemente, nega-se a possibilidade de se tornarem sujeitos ativos na compreensão e transformação da política internacional. Quanto à leitura/escrita, reflexões sobre os aspectos metacognitivos do aprendizado precisam ser incluídas não apenas no ensino da linguagem, mas também nas disciplinas teóricas, especialmente no trato com textos acadêmicos.