O spatial turn: para uma sociologia do espaço

Abstract

A difusão veloz de tecnologias globais de informação e comunicação, uma progressiva divisão internacional do trabalho, a presença midiática do mundo nos espaços privados, as correntes migratórias, as mudanças climáticas globais: todos esses fenômenos são aspectos de um processo que abalou de maneira duradoura as noções de proximidade e de distância. Como observa com razão Peter Noller, a globalização conduz não apenas a uma mudança social, mas a uma mudança mental, isto é, à redefinição de conceitos e modelos que devem ajudar a entender o mundo. "O que, nos anos de 1970, se anuncia empiricamente como globalização é acompanhado por uma transição epistemológica, a passagem de uma compreensão tradicional, geograficamente limitada, para outra, pós-tradicional, aberta e plural, do espaço social" (Noller, 2000, p. 21). A percepção de que a mudança social não pode ser explicada satisfatoriamente sem uma reconceituação das categorias relativas à componente espacial da vida social é chamada de spatial turn 1 (cf. Berking, 1998;Schlögel, 2003; Döring e Thielmann, 2008). Vigora cada vez mais a noção de que "'ser e tempo' 2 não encerram toda a dimensão da existência humana" (Schlögel, 2003, p. 9), e de que o espaço é não apenas um contêiner ou uma realidade apriorística da natureza; diferentemente, ele precisa ser pensado e investigado como condição e resultado de processos sociais (cf

Space-time compression and hyperlocalisation: the new flâneurs

“…In Harvey's perspective, space and time have been "commodified". Homogenised, on the one hand, and fragmented, on the other, they have become tradable goods, constituting a mainstay of capitalism and globalisation, contributing to the increasing irrelevance of the nation state in favour of the world financial economy (Löw, 2008). Harvey's concept implies a process that changes the relationship between time and space, in particular through technological innovation and globalisation.…”

“…Harvey creates a revealing matrix, demonstrating that which occurs in each of the considered dimensions only makes sense in dialectical terms, thereby justifying his relational approach 4 . Giddens also proposes an approach that is inscribed within this "relational" logic, when he defines space by its social function and not so much by its materiality (Löw, 2008). For Giddens, the process he calls "regionalisation" consists of the division of space and time into regions associated with specific social practices.…”

The geospatial humanities: past, present and future

“…These currents have emphasised that (a) space changes over time; (b) place is not dependent on space; (c) place is created through fluid social and experiential pathways that coincide, as Ingold (2009) interprets it, as knots and threads that form lines of wayfaring; and (d) that spaces might go beyond geographies, this is to say, that place can be both real and imagined (Soja and Chouinard 1999). The current Spatial Turn therefore focuses on the idea that social change cannot be explained without considering and re-conceptualising categories related to the spatial component of social life (Löw 2013). It is now acknowledged that reaching such understanding might not only be easier, but also richer through a deep interdisciplinary approach, which in the past few years has brought together not only these disciplines (i.e., History, Archaeology and Literature), but also included scientific areas which previously have rarely worked with most fields in the Humanities, such as Computer and Information Sciences.…”

Espaço e lugar no debate sobre território / Space and place in the debate on Territory

“…Haveria, portanto, tantos espaços quanto sujeitos de ação e a ação de alguns pode esbarrar (negar e excluir) na ação de outros. Em um mesmo lugar, diversas formações de espaço são possíveis, também, porque os seres humanos não agem de modo amplamente idêntico, como diria Löw (2013). As ações variam conforme a classe, o gênero, etnia, grupo etário (e várias combinações destas variáveis).…”