Os BRICS, a cooperação sul-sul e o campo da cooperação para o desenvolvimento internacional

Abstract

A última década foi palco de importantes transformações no campo da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (CID). Nesse período, novos provedores - países em desenvolvimento, agentes privados e organizações civis - tornaram-se protagonistas no campo. Entre os "novos provedores", os países BRICS ocupam posição de destaque. Este artigo discute as transformações estruturais do campo da CID e, particularmente, os efeitos da emergência de novos provedores, como os BRICS, sobre as posições e as dinâmicas que caracterizam o campo. Pretende demonstrar que a emergência de "novos provedores" e de novas modalidades de cooperação internacional resultou no descentramento do campo da CID. Nesse contexto, abre-se um processo de reordenamento do campo no qual a arquitetura institucional da CID se torna palco de intensa disputa política entre doadores tradicionais e "novos provedores". O artigo analisa alguns aspectos centrais dessa disputa e sugere que o processo, em curso, de descentramento e reordenamento do campo da CID desestabilizou não apenas a posição ocupada pelos doadores tradicionais, como também a posição dos novos provedores.

How Do Experts Resist a Development Cooperation Project? The Case of the Mozambique-Brazil Generic Medicine Factory

“…The study of development projects through the lenses of an anthropology of public action is particularly relevant to analyse Brazilian SSDC. SSDC projects are development actions, even if their conception and implementation usually differ from North-South development initiatives (Besharati and Esteves 2015). Development projects originating from developed countries mobilise networks of specialised experts, specific organisations, and institutions, such as development agencies, civil society organisations, NGOs or specialised companies.…”

International Development Cooperation and Multipolarity: Scrambling North and South?

“…a transitional process where a developing country is recognized by traditional donors as developed, according to diverse criteria. As Besharati and Esteves have observed, though, "for 'new providers', graduation thus poses a dilemma as they not only receive less aid, but become also under greater pressure to share, with traditional donors, the burden of the responsibilities (and costs) of international development" (Besharati and Esteves 2015). The "Graduation Dilemma" was further developed by Margheritis (2017) and Milani et al (2017), who stressed the "lack of consensus about the path to graduation".…”

A comparative analysis of the BRICS in the International Development Cooperation field

“…For them, these changes give them a particular place and role in the world economy. The flux of resources directly related to these activities augmented significantly through that decade in volume and number of beneficiaries (BESHARATI;ESTEVES, 2015;GU et al, 2016).…”