Resumo O estudo enfoca a forma de inserção profissional e implicação no trabalho dos jovens no campo da economia solidária e do associativismo. O objetivo principal é discutir as relações entre os processos de subjetivação e a construção do ideal profissional de trabalhadores de até 30 anos. A análise das entrevistas, metodologicamente baseada na abordagem biográfica, aponta para uma diversidade das formas de compreender a relação com o trabalho e com os colegas no que se refere aos princípios da economia solidária e do associativismo. A ausência de suportes sociais (o apoio do Estado ou da sociedade civil) e a sustentabilidade financeira dos projetos influenciam nas formas dos trabalhadores aderirem (ou não) ao modelo de gestão solidário. A análise das entrevistas e o acompanhamento dos projetos indicam que os princípios da autogestão são parcialmente efetivados, existindo uma tendência a reproduzir relações hierárquicas e paternalistas. Palavras-chave: Economia solidária; jovens; trabalho; subjetividade; autogestão.
AbstractThis article discusses the way young professionals enter and commit themselves in the social economy and associative work field. The main objective is to understand the relationships between the process of subjectification and the construction of the professional ideal among workers up to 30 years old. The analysis of the interviews, methodologically based on the biographical approach, indicates a great diversity of ways of comprehending work relationships, concerning the principles of social economy and associativism. Lack of social support (from government or civil society) and financial sustainability of projects influence in the way young workers cohere to the model of social economy management. The analysis of the interviews and the long-term observation of the projects indicate that self-management principles are only partially accomplished, existing a tendency to reproduce paternalist and hierarchical relationships. Keywords: Social economy; young workers; work; subjectivity; self-management.A relação entre subjetividade e trabalho remete à análi-se da maneira como os sujeitos vivenciam e dão sentido às suas experiências de trabalho (Nardi, Tittoni & Bernardes, 2002). A interpretação dessa relação nos coloca frente à especificidade histórica assumida pela relação dos sujeitos com seu trabalho em cada contexto socioeconômico e cultural. Cada tempo e cada contexto social definem diferentes modos de subjetivação. Este conceito se refere à maneira predominante pela qual os sujeitos relacionam-se com as regras e as verdades que dão sentido à existência a partir da construção de uma determinada experiência de si (Foucault, 1994). Assim, os sentidos atribuídos ao trabalho mudam se analisarmos a relação do cidadão e do escravo com o trabalho na Grécia, do senhor de engenho com o escravo no Brasil Colonial, do operário e do patrão no modelo industrial fordista, do jovem trabalhador autô-nomo da nova economia no século XXI e daqueles que inserem nos projetos de economia solidária (ES), nosso c...