Mortes prematuras e conflito armado pelo domínio das favelas no Rio de Janeiro

Abstract

*Agradecemos a pesquisadora Renata Gracie pela organização dos dados espaciais e elaboração de mapas. Agradecemos também o financiamento dos projetos E 26/ 110.302/10; 101.516/2010 (Faperj); 482431/2010-5 (CNPq) (AZ) e 304639/2010-9 (CB). IntroduçãoA discussão internacional sobre os determinantes das mortes por agressão nos estudos quantitativos tem se resumido a algumas teorias que se baseiam ora em variáveis individuais, que recuperam os perfis socioeconômicos das vítimas, ora em variáveis familiares, especialmente as que podem indicar "desorganização familiar", ora em variáveis ecológicas, que tentam correlacionar características das vizinhanças onde viviam as vítimas com as taxas locais de homicídios. Entre as primeiras, destacam-se a renda, a escolaridade e o gênero; entre as segundas, a composição da família ou do grupo doméstico, a ausência de figura paterna, a gravidez na adolescência; entre as terceiras, a desigualdade de renda, a estrutura populacional, a densidade demográfica e a taxa de desemprego na localidade. De acordo com essas teorias, as vítimas morariam em bairros superpovoados, etnicamente heterogê-neos e com altas taxas de desemprego; bairros cuja população é de renda e escolaridade mais baixa; viriam de famílias chefiadas por mulheres e com gravidez na adolescência. São escassos, entretanto, estudos que tomem conjuntamente tais determinantes, procurando entender a interação entre eles. Poucos estudos consideram as configurações geopolíticas locais dadas pela atuação de grupos ou de governo (Rojas et al., 2005). De qualquer modo, além do uso de variáveis socioeconômicas e individuais agregadas, a compreensão de fatores relacionados com o espaço urbano tornou-se parte da investigação criminológica.

Homicídios e disputas territoriais nas favelas do Rio de Janeiro

“…The main changes in territorial control have occurred in the city’s southern and northern zones due to the occupation of these areas by the UPP, and in the western zone following the takeover of favelas by the militias. 22 Until 2005 the militias were confined to the eastern zone, more recent areas of urban settlement with lower demographic density and a high percentage of northeastern migrants among their residents. By 2010 the militias had expanded to other areas of the so-called suburbs, but not to the favelas close to city’s main avenues.…”

The Expansion of the Economic Frontier and the Diffusion of Violence in the Amazon

“…Nonetheless, the expansion of the economic front caused great social inequalities that largely support explanations of homicidal violence in Brazil. Additional social determinants have contributed to the increase in homicides, such as impunity and obsolescence, the devaluing and corruption of public safety institutions, the loss of ethical values, drug trafficking, debt collections, and corrupt organizations, such as those employing hired killers [27,20]. In the Legal Amazon, some of these socio-economic and environmental indicators were used to analyze the problem of violence as a socio-spatial phenomenon.…”

“…Kawachi et al [10] highlight social inequality as an important explanatory component of violence, regarding violence in the Amazon the same explanatory components are observed Hèbette [11], Costa [12], Martins [13], Mello [14], Hèbette [15], Loureiro [2], Castro [16] and Sant’Anna et al [17] .Ye et al [18] analyzed the relationship between homicide rates and socio-economic factors between 1960 and 1995 in urban space. The spread of homicides in Brazil is associated with migration, the rupture of family and social structures, the absence of state institutions, and impoverishment [19,20] are factors that can affect the local social dynamic and introduce violent acts into metropolitan and rural regions, such as in the expanding areas of the economic frontier.…”

Estatísticas oficiais, violência e crime no Brasil

“…Assim, quando uma facção fica sem drogas ou armas, pode obtê-las em favelas amigas. Além disso, teve início uma corrida armamentista com o objetivo de dissuadir os rivais de entrar em guerra devido ao número de soldados ou de armas exibido pela quadrilha ou comando (CECCHETTO, 2004, ZALUAR;MONTEIRO, 2013).…”