Friedrich Engels deixou uma interessante e original contri-buição aos estudos dos fenômenos e fatos religiosos em suas dimensões políticas, históricas, sociológicas e filosóficas. Apesar de significativas, do ponto vista qualitativo ou quantitativo, suas contribuições sobre o tema são desconhecidas e pouco mobilizadas, inclusive no interior do marxismo, que constantemente abrevia o debate sobre o fenômeno religioso à expressão “ópio do povo”. Pensando nesse aspecto, este artigo tem por objetivo identificar e analisar as reflexões de Engels em torno da articulação entre religião e política ao longo de sua trajetória enquanto intelectual e militante socialista. Para alcançar os objetivos delimitados, nos debruçaremos sobre os escritos de Engels (artigos, ensaios e livros) para, assim, localizar as reflexões em torno das questões políticas e religiosas, compreender o contexto de elaboração das ideias, os embates políticos e as mudanças em seu modo de pensar o fenômeno político religioso durante sua trajetória. O artigo também contemplará, de modo paralelo, alguns aspectos biográficos que nos possibilitarão conhecer um pouco mais do autor e sua inserção no debate sobre o fenômeno religioso.