Uma das questões mais polêmicas da história da Fonética é, sem dúvida, a discussão sobre a tipologia rítmica das línguas. Fora da tradição greco-latina da versificação poética, a noção de ritmo foi confundida com a velocidade de fala, por muito tempo. No começo do século passado, surgiu a ideia da dicotomia entre língua de ritmo acentual e língua de ritmo silábico, também fortemente influenciada pela teoria da versificação poética. Nesse mesmo contexto, surgiu um terceiro tipo de língua, chamado de língua de ritmo moraico e aplicado quase exclusivamente ao japonês. Com as pesquisas acústicas e tratamentos estatísticos de dados gerados por análises eletrônicas computacionais da fala, a tipologia rítmica das línguas ficou mais confusa, com o surgimento de vários tipos de língua quanto ao ritmo. O presente trabalho discute algumas dessas ideias, mostrando que houve um grande equívoco por parte de alguns pesquisadores quanto à caracterização das línguas de ritmo silábico. A noção de moras é revisitada e seu papel é melhor definido nos estudos rítmicos da fala.
Palavras-chaveRitmo da fala, Moras, História do ritmo da fala.