Nestas circunstâncias, a idéia de predição não costuma ser determinista, como o termo poderia sugerir, mas sim probabilista. Como veremos, mesmo com o avanço da testagem genética, as predições (na acepção 'profética') da medicina só são válidas no atual estado da arte para algumas doenças específicas (como a coréia de Huntington). 'Predições' do risco (probabilidades) a partir dos conhecimentos disponíveis sobre as relações entre exposições/agravos na maioria das doenças adquirem relevância a posteriori, ou seja, após a ocorrência do agravo. Isto confirmaria as relações de causação, mesmo que se desconheçam os mecanismos precisos deste processo. Para alguns autores, no entanto, a ciência só se legitima de fato com a descoberta dos mecanismos (Atlan 1994). Com o surgimento de estudos de medicina experimental e epidemiologia com base na biologia molecular, a determinação dos riscos, em algumas circunstâncias, se tornará mais bem demarcada, permitindo predições com margens de erro menores.