A bancada evangélica na Assembleia Nacional Constituinte (ANC) de 1987-1988 se tornou conhecida como importante expressão do conservadorismo religioso na política. No entanto, houve naquela legislatura a presença de parlamentares evangélicos alinhados com ideias progressistas e de esquerda. Este artigo discute o pensamento político destes parlamentares, com destaque particular às ideias de Lysâneas Maciel (PDT-RJ) e Benedita da Silva (PT-RJ) – que não apenas se distanciaram da “bancada evangélica” como estabeleceram conflito direto com seus integrantes em razão de suas críticas às preocupações morais e comportamentais que baseavam a atuação da “bancada” na ANC. Redigido a partir da análise dos discursos proferidos pelos parlamentares evangélicos na ANC com o auxílio de um software de análise qualitativa de dados, o artigo também mobiliza propostas de emendas parlamentares e registros jornalísticos do período, além da literatura dedicada ao tema da ANC e das relações entre religião e política.