Diplomacia e ciência no contexto da Segunda Guerra Mundial: a viagem de Arthur Compton ao Brasil em 1941

Abstract

A literatura em história documenta bem os esforços dos Estados Unidos para buscar o alinhamento dos países latino-americanos com os Aliados às vésperas da entrada daquele país na Segunda Guerra Mundial. Depois de um momento de hesitação e de negociações o governo Vargas alinhou-se com os Estados Unidos. Desconhecido até agora, contudo, tem sido o envolvimento de cientistas nesses arranjos diplomáticos. Fontes recentemente descobertas mostram que a missão do físico norte-americano Arthur Compton no Brasil, em 1941, para participação em uma conferência sobre raios cósmicos, estava articulada com os esforços do Office for Inter-American Affairs liderado por Nelson Rockefeller. Para os físicos brasileiros, que tinham adquirido reputação naquela área de pesquisa sob a liderança de Gleb Wataghin na segunda metade da década de 1930, cooperação científica foi uma forte motivação para a organização dessa visita, mas ela não foi isenta de conotações políticas e de interesses profissionais.

Diplomacia cultural no contexto da Segunda Guerra

“…O apoio do OCIAA foi entretanto muito mais diversificado que esta retrospectiva de personalidades, a qual corre o risco de incidir em anacronismo pela projeção ulterior destas personalidades. Apenas como um exemplo último desta diversidade, bem como da dimensão de propaganda implícita na diplomacia cultural, em 1941, Nelson Rockefeller, através do OCIAA, apoiou a ida de mais de 40 estudantes de agronomia da Escola de Piracicaba da USP, de fato toda uma turma de concluintes do curso, para um tour de mais de um mês visando fornecer-lhes familiaridade com a agropecuária norte-americana 14 .…”

“…Para Ary Torres, ademais, este alinhamento era parte do projeto de mobilização nacional mais amplo do qual ele participou ativamente no Governo Vargas. Olival Freire Junior e Indianara Silva, em estudo sobre a visita de Arthur Compton ao Brasil em 1941, evento também relacionado à atividade do OCIAA no Brasil, mostraram que para os físicos da USP Gleb Wataghin e Paulus Pompeia a colaboração com os EUA era importante também porque tinham claras posições favoráveis aos Aliados na guerra contra as potências do Eixo, o que corrobora a sugestão de Hobsbawm de considerar a Segunda Guerra também como uma guerra civil -em escala internacional -contra o fascismo 35 . Embora não tenhamos documentação para discutir o alinhamento mais político e ideológico de Ary Torres e Cintra do Prado, é plausível considerar que eles encontravam-se confortáveis com a opção de alinhamento adotada pelo país no contexto da Segunda Guerra.…”

Resistência e acomodação científica no cinema brasileiro durante a ditadura militar (1964-1985)

“…Algumas dessas pesquisas se dedicam ao estudo das instituições e da formação da comunidade científica (Marinho, 2001;Salmeron, 2012;Fonseca, 2012;Schwartzman, 2015;Gorgulho, 2019), enquanto outras versam sobre períodos temporais específicos, como o imperial (Videira, 2007;Lopes, 2009;Dantes et al, 2011) e o militar, iniciado após o golpe de 1964 (Salmeron, 2012;Motta, 2014a;Clemente, 2020). Também existem produções organizadas a partir de abordagens temáticas transversais, como a obra de Domingos Neto (2010), que versa sobre a relação entre ciência e os militares, o trabalho de Videira e Vieira (2010), cujo enfoque está na historiografia e na história da física, ou estudos que investigam as relações entre ciência e diplomacia (Freire Junior e Silva, 2014;Kropf e Howell, 2017). Encontramos ainda obras que objetivam traçar um quadro geral do desenvolvimento das ciências e das tecnologias brasileiras (Azevedo, 1995;Ferri e Motoyama, 1979-1980Motoyama, 2004;Freire Junior, 2020).…”

“…Em alguns casos, foram forçados a se aposentar e impedidos de frequentar universidades. A lista de cientistas que se enquadram nesta modalidade é longa e inclui nomes bem conhecidos, englobando físicos como Mário Schenberg , José Leite Lopes (198-2006), Jayme Tiomno (1920), e Elisa Frota-Pessôa (1921-2018; pesquisadores da área da saúde como Isaias Raw (1927), Herman Lent (1911-2004), Haity Moussatché (1910-1998 e Luiz Hildebrando Pereira da Silva (1928Silva ( -2014, e cientistas sociais : Paulo Freire (1921-1997), Fernando Henrique Cardoso (1931-), Celso Furtado (1920-2004), Florestan Fernandes (1920-1995), Darcy Ribeiro (1922-1997), Caio Prado Júnior (1907-1990), Milton Santos (1926-2001 e Maurício de Albuquerque .…”

The inclusion of Brazilian flight female nurses in the second world war: challenges and achievements

“…On the other hand, more than one hundred American aircrafts were brought in flight for basic instruction of Brazilian pilots, from 1942 to 1943, when one started articulating the creation of military and voluntary civil groupings, what was part of both the policy of national mobilization for war and the strategies of reoutfitting the Brazilian Military Forces and qualification of their contingent. 5,6 This situation has allowed the creation of the FAB's 1 st Group of Jet Fighter Aircrafts, on December 18, 1943, by Decreelaw 6123, aiming at performing fighter aviation along with the Americans, in Europe. Then, one started the negotiations for the organization of the Health Service linked to the 1 st Group of Jet Fighter Aircrafts, which would be composed of voluntary female nurses and doctors to attend military combatants, pilots and support personnel.…”