Estratégias populares de sobrevivência: o mutualismo no Rio de Janeiro republicano

Abstract

ResumoTrata-se de um estudo sobre o mutualismo na cidade do Rio de Janeiro, visto como uma das estratégias escolhidas pelos trabalhadores para escapar às condições de pobreza em que viviam ou, pelo menos, amenizá-las. O artigo busca oferecer um quadro geral do fenômeno na então capital brasileira, levando em conta sua dimensão, duração, trajetória e principais características. Ao mesmo tempo, procura realçar quais setores eram excluídos do movimento, entendendo que sua identidade era definida com base no estabelecimento de algumas fronteiras delimitadoras entre setores sociais distintos. Busca-se estabelecer um diálogo com os trabalhos produzidos sobre o mutualismo, no Brasil e, sobretudo, no exterior. Foram utilizados, como fontes primárias, dois levantamentos inéditos produzidos sobre o fenômeno no Rio de Janeiro, além de informações anteriormente referenciadas por outros autores, às quais tivemos acesso. Palavras-chave: sociedades de auxílio mútuo; trabalhadores; pobreza. AbstractThis article is about friendly societies movement in the city of Rio de Janeiro, seen as one of the strategies chosen by the workers to face poverty and to improve life conditions. The article intends to offer a general overview about the mutual movement in the Brazilian capital at that moment, considering different aspects as its dimensions, lifetime, trajectory, and main characteristics. At the same time, it aims to stress sectors excluded from the movement, whose identity was based on the established frontiers that separated distinct social sectors. The article intents, as well, to promote a dialogue with other researches about friendly societies in Brazil, and especially the ones produced abroad. We used, as the main sources, two statistic series never studied before, about the phenomenon in Rio de Janeiro, besides other group of sources.

Associativismo literário, trabalho intelectual e o mercado das letras no segundo reinado (1860-1882)

“…Cf Batalha (1999Batalha ( , 2003Jesus (2007), Jesus; Lacerda (2010), Lacerda (2011),Viscardi (2008Viscardi ( , 2009 eLuca (1990).…”

Educação e formação da classe trabalhadora no Rio de Janeiro entre as últimas décadas do século XIX e os primeiros anos do século XX

“…Essas fronteiras não estavam, porém, bem delimitadas no período estudado. Em seu trabalho sobre o mutualismo como estratégia popular de sobrevivência, Cláudia Viscardi (2009) mostra-nos o quanto a pobreza era uma realidade constante nos meios trabalhadores e como as formas de enfrentá-la coletivamente foram importantes no processo de formação das classes trabalhadoras. Era esse um momento em que se misturavam diferentes recursos de superação da pobreza.…”

Entre a espada e a coroa: abolicionistas em confrontos políticos no imediato pós-abolição (1888-1889)

“…Contrariando essas perspectivas, pesquisas recentes têm ressaltado a dimensão da participação política por meio das manifestações desenvolvidas via associações no século XIX (ALONSO, 2011;GOMES, 2009;JESUS, 2007;VISCARDI, 2009;GOMES 2011;.…”

“…A pesquisa de Ronaldo de Jesus e Cláudia Viscardi ressaltam a dimensão massiva que tiveram as associações no século XIX, chegando a apontar a existência de 239 associações em funcionamento no Rio de Janeiro entre os anos de 1860 a 1887. Eles comprovam a tese da efervescência associativa no século XIX e sua dimensão participativa através das ações mutuais (entendidas como um conjunto de experiências que se manifestam concretamente em práticas de solidariedades horizontais) frente a ausência ou crise dos mecanismos institucionais de participação política, ou seja, participam com ações assistencialistas enquanto estratégia de sobrevivência (Viscardi, 2009). Embora atestem a dimensão massiva da vida associativa no século XIX, o foco da análise recai sobre as solidariedades horizontais compartilhadas intrassocietais, ficando os confrontos políticos diluídos.…”