O artigo discute o tema da produção cultural e das trajetórias de intelectuais nas décadas de 1950 e 1960. Partimos da hipótese que as mudanças estruturais daqueles anos de política desenvolvimentista repercutiram na recomposição dos setores de produção cultural que, a seu modo, reconfiguraram os projetos das esquerdas e suas noções de brasilidade e resistência. Assim, ao abordarmos o itinerário de Nelson Werneck Sodré, nossa análise incide sobre o caso particular da realização da Coleção História Nova (CHN) e aborda algumas questões referentes à organização da intelectualidade de esquerda nos anos que antecederam o golpe de 1964. Ao tomarmos a CHN como objeto permite-nos esboçar algumas coordenadas sociológicas para pensar as formações culturais que estiveram em disputa naqueles anos. Também porque a produção da CHN revela aspectos que remetem a um modo de atuação intelectual que se estruturou no início da década de 1960 e se reproduziu nos anos seguintes ao golpe militar.