Este texto é resultado de um processo de pesquisa de doutorado teórico-prático, onde abordo meus trabalhos artísticos. As etapas desse processo envolvem projetos, conceituação, desenvolvimento prático (pesquisa de materiais, manufatura de objetos, experimentação de objetos nos espaços etc), realização de exposições, leituras, observação, reflexões, discussões, reestruturações, reformulações, escritas, apresentações. Essas etapas ora são lineares, ora simultâneas, ora se interpenetram, ora se realizam de modos estanques para se cruzarem novamente.Nesse contexto, a teoria, que vem conduzida pela prática artística, parece informar o processo de modos diferentes a cada etapa: esclarece ideias, instrui procedimentos, indica caminhos, fortalece pensamentos, cria dúvidas, chama para novas ideias de trabalhos, fecha ciclos, recomeça, cria um campo de reflexões, uma densidade, uma atmosfera, uma ambiência. A escrita organiza um fluxo de acontecimentos do processo artístico, entrelaça teoria e prática, relaciona temporalidades, comprime o tempo e busca uma autonomia nesse processo.Observo quatro anos de trabalho, repasso anotações, leituras, reflexões, textos, faço relações entre seus acontecimentos, puxo outras relações antecedentes, rompo linearidades, crio parênteses no fluxo de acontecimentos, seleciono partes e vou reorganizando e estabelecendo um campo de sentidos latentes. A construção inicial do texto vai manifestando, de modo espontâneo, aspectos recorrentes da produção, para então se tornar metodologia. Durante a escrita, incorporo conceitualmente esses aspectos e defino a estrutura textual, num exercício de produzir com a linguagem escrita alguns efeitos também gerados pelos próprios trabalhos. A estrutura do texto, então, é desenvolvida também em sua autonomia, trazendo elementos da constituição dos