RESUMO SOUSA, R. A. S. de. A Conquista do Semiárido: desertificação e gado nos escritos de Capistrano de Abreu. A conquista do semiárido brasileiro foi um grande desafio para os colonizadores que aqui chegaram. O regime de chuvas escassas, vegetação exótica para o olhar europeu e a dificuldade de localização em meio às longas caminhadas, fez com que a maior parte dos colonizadores preferisse se fixar ao longo da costa. O gado bovino, instrumento importante na conquista da caatinga, desencadeou o processo de desertificação da área, o que vem se perpetuando ao longo de nossa história. Capistrano de Abreu percebeu o processo de degradação em seus escritos. Entretanto, a visão da ciência de seu tempo era calcada na crença de que o progresso consistia em subjugar as forças da natureza. Sendo assim, lamentava a destruição tomando-a como parte de um processo inevitável.Palavras-chave: semiárido; Capistrano; desertificação.ABSTRACT SOUSA, R. A. S. de. The conquest of the Semiarid: desertification and cattle in Capistrano de Abreu's writings. The conquest of Brazilian semiarid region was a major challenge for the European settlers who arrived here. The scanty rainfall, the exotic vegetation and the difficulty to establish themselves in the midst of long journeys, made most of them to settle along the coast. The cattle, important tool in conquering (winning) the caatinga, started the process of desertification of the area, which continues to exist throughout our history. Capistrano de Abreu realized (remarked) the degradation process in his writings. However, the scientific vision at that (his) time was grounded in the belief that progress was to subdue the forces of nature. So, in spite of regretting (lamenting) the destruction, he took it as part of an inevitable process.Key words: semiarid; Capistrano; desertification.Ao passo que a caatinga o afoga [o viajante]; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças; e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da flora agonizante... (CUNHA, 2003).O massapê é acomodatício. É uma terra doce ainda hoje. Não tem aquele ranger da areia dos sertões que parece repelir a bota do europeu e o pé do africano, a pata do boi e o casco do cavalo, a raiz da mangueira-da-índia e o broto da cana, com o mesmo enjoo de quem repelisse uma afronta ou uma