IntroduçãoFalar de Educação Popular pressupõe lembrar o Movimento de Educação de Base (MEB) e suas contribuições para esse campo. Para Peixoto Filho 1 , o MEB foi fruto das mudanças então em curso no país na década de 1950. A Educação Popular, desenvolvida pelo movimento, no período entre 1961 e 1966, empregou técnicas, métodos e recursos, simples e artesanais, porém criativos e inovadores para a época, visando à comunicação com a população rural.O MEB teve como instrumento pedagógico básico o rádio, que possibilitou o uso de técnicas de comunicação associadas a atividades presenciais, realizadas em sala de aula nas comunidades rurais 1 . A utilização do rádio deu-se por sua abrangência, possibilitando a comunicação com as regiões do país mais distantes dos centros de desenvolvimento, poder e decisão, com as vantagens do uso dos recursos e das tradições orais.Nesse aspecto, ou seja, o da importância das tradições e da oralidade, vale reiterar que, segundo Vigil 2 , 99% da história humana não foi escrita. Foi a tradição oral que, durante séculos, fez a informação circular. O rádio soma-se a essa cultura milenar. Trata-se de um veículo ancorado na oralidade e para receber suas mensagens basta apenas ouvir e, muitas vezes, se a emissão for eficiente, a audição sequer precisa se dar com muita atenção, pois a mensagem é compreendida mesmo quando o ouvinte dedica-se simultaneamente a outra ocupação 3 . Nesse sentido, as emissoras de rádio, como meios de comunicação de massa, podem dar outra dimensão à Educação Popular, na medida em que permitem atingir de uma só vez dezenas de milhares de ouvintes. Para Reis 4 , dentre as modalidades de rádios existentes no Brasil, o objeto de atenção do projeto MEB foram as rádios comunitárias (RC), pois estas exercem um papel específico e de fundamental importância na construção e no exercício da cidadania 5 . De um modo geral, a programação das rádios comunitárias chama à atenção para temáticas de interesse da coletividade e insere a comunidade no contexto dos municípios onde atuam 5 . Desse modo, a relação estabelecida entre uma emissora comunitária e a própria comunidade é caracterizada pelo dinamismo da localidade ao redor, respeitando os sujeitos sociais locais