O sincretismo de culturas sob a ótica da arquitetura vernácula do imigrante japonês na cidade de Registro, São Paulo

Abstract

O sincretismo de culturas sob a ótica da arquitetura vernácula do imigrante japonês na cidade de Registro, São Paulo Rogério Bessa Gonçalves 1 RESUMO: O presente artigo aborda os métodos construtivos empregados pelos imigrantes japoneses que vieram, em 1918, para a cidade de Registro, na região do Vale do Ribeira do Iguape, no estado de São Paulo. A vinda dessa nova frente de imigração foi incentivada pelo Governo do Estado, com o propósito de promover o processo de colonização, bem como de estimular o desenvolvimento econômico do Vale do Ribeira do Iguape por meio da expansão da cultura do café para a região. As características dessa frente de imigração são muito diferenciadas em relação às demais, tendo em vista que os que dela faziam parte chegaram ao Brasil como proprietários de terras e com apoio financeiro e logístico oferecido por uma empresa particular japonesa, responsável por gerenciar o empreendimento. Esses imigrantes, portanto, contaram com auxílio de uma complexa infra-estrutura, cujo objetivo era viabilizar a sua missão de desenvolvimento da região. Mesmo tendo essa particularidade lhes proporcionado a liberdade de recriar sua cultura em solo brasileiro, a realidade do novo habitat forçou-os a reinterpretar seus hábitos culturais ante as novas circunstâncias físicas, econômicas e sociais encontradas. A fim de entender esse processo de adaptação, foi realizado um estudo dos métodos construtivos empregados em suas edificações, baseado nos conhecimentos desses imigrantes sobre sua arquitetura tradicional. Essa análise permitiu examinar o longo processo de sincretismo entre a cultura oriental e o conhecimento construtivo vernáculo dos habitantes do Vale do Ribeira do Iguape. PALAVRAS-CHAVE: Imigração japonesa no Brasil. Arquitetura vernácula. Sincretismo cultural. Arquitetura do imigrante japonês. Técnica construtiva do imigrante japonês. Registro (São Paulo).

Adaptabilidade De Soluções Projetuais Trazidas Por Imigrantes Japoneses a Amazônia Amapaense No Período Moderno- Janarista

“…Em relação à técnica construtiva estrutural era utilizado o sistema de pilar e viga, que apoiava a cobertura sobre a viga/frechal, essa no que lhe concerne, transferia a carga para os pilares e posteriormente às fundações (GONÇALVES, 2008). Quanto às fundações eram concebidas a partir da pedra, madeira ou alvenaria, podendo ter um buraco central para apoio de esteios, ou encaixadas em sambladuras que por sua vez forneciam sustentação aos esteios (GONÇALVES, 2008). Os pilares normalmente eram criados em madeira utilizando ensambladuras ou encaixes removíveis de variados tipos que garantiam resistência aos esforços de compressão e tração.…”

“…Exemplos da existência de tais edificações no Amapá podem ser apresentados a partir da Figura 01, onde foi possível identificar, entre outros aspectos, o uso do tsuchikabe do tipo shinkabe, vedação que utilizava terra ou barro aplicada sobre uma estrutura de armação interna em madeira onde os pilares aparentes, além de sua função estrutural, atuam como uma moldura ao redor da parede. Notou-se também o uso de duas coberturas tradicionais japonesas sendo a do tipo yosemune na parte térrea e a irimoya no pavimento superior, nesse a tipologia da cobertura foi escolhida justamente para promover a exaustão de ar quente que acontece a partir da passagem do ar através de dois frontões dispostos nas extremidades da cobertura e junto à cumeeira (GONÇALVES, 2008).…”

Da semente a florada: Colônia Pinhal: 60 anos de histórias

“…Os emigrantes europeus sustentaram o crescimento da necessidade de mão de obra nos cafezais, por alguns anos, mas as péssimas condições de trabalho e de vida dadas pelos patrões cafeicultores, acostumados a tratar Segundo Sakurai (2007, p. 113), a Era Meiji (1868-1912 Há um leque grande de trabalhos sobre a imigração japonesa: Demartini (2000;2004;, Gonçalves (2008), Handa (1987), Miyao (1980) e Silva (2016), entre outros que comungam da leitura de Saito (1961) e Cardoso (1995), que caracterizam o processo de imigração japonesa no Brasil em três períodos distintos: dois períodos antes da Segunda Guerra No relatório da JAMIC/JICA de 1998 também encontramos informações sobre a divisão dos lotes da Colônia Pinhal, assim como das demais colônias organizadas pela JAMIC. Interessante observar no quadro 2 que a maioria das colônias ficavam na região sudeste, sendo 6 no Estado de São Paulo e 3 no estado do Rio de Janeiro; temos a hipótese que seja porque nos períodos anteriores de imigração japonesa, foi a região que recebeu o maior número de imigrantes japoneses.…”

O patrimônio invisível: arquitetura popular urbana de municípios do período colonial brasileiro

“…Constituem exemplos dessa tendência: o estudo de Milano (2010) sobre a formação da vila operaria de imigrantes italianos em Galópolis, em Caxias do Sul (Rio Grande do Sul); a pesquisa de Vieira (2008) sobre a configuração urbana e arquitetônica das antigas comunidades formadas por imigrantes italianos em Santa Catarina; o estudo de Henning (2007) sobre a arquitetura da colônia alemã-bucovina no Paraná. Ainda pode ser citado o trabalho de Gonçalves (2008) sobre os métodos construtivos das edificações de imigrantes japoneses em Registro, no Estado de São Paulo. Bosenbecker (2011) realizou pesquisa sobre a contribuição dos imigrantes pomeranos para a arquitetura da Serra dos Tapes, no Rio Grande do Sul.…”