“…A obra do escritor alemão W. G. Sebald (1944Sebald ( -2001 Um recorte se faz sempre necessário, ainda mais se lembrarmos as palavras de Dolf Oehler: "Parece que tudo ou quase tudo já foi dito sobre a obra de Sebald, cuja escrita tão singular, inspirada inteiramente pela vergonha e pela tristeza, não deixa de fascinar o público e de chamar a atenção de comentaristas do mundo inteiro". 21 A presença recorrente de imagens em seus textos e os comentários que tece a respeito delas asseguram que Sebald tinha sempre em mente o problema da articulação entre espetáculo, memória e história. A ideia de espetáculo como esvaziamento da história e emergência de um presente contínuo é recorrente na poética de Sebald, preocupado que era com certo pacto de silêncio que, segundo ele, teria acometido a Alemanha no período pós-guerra -um silêncio que dizia respeito tanto ao legado nazista quanto ao horror da destruição da Alemanha por parte dos bombardeios dos aliados: "a reconstrução alemã equivaleu, após as devastações causadas pelos inimigos de guerra, a uma segunda aniquilação, realizada em fases sucessivas, de sua própria história anterior (…), direcionando a população, sem exceção, para o futuro e obrigando-a ao silêncio sobre aquilo que enfrentara", escreve Sebald em Guerra aérea e literatura.…”