Metáforas da diferença: a questão do inteiramente outro a partir da teoria da realidade como construção

Abstract

• RESUMO: Talvez 0 tema mais recorrente do discurso filos6fico que atravessa 0 pens amen to moderno e a contemporaneidade seja a ideia da realidade como constru<;ao. Como rea<;ao ao realismo objetivista, que acreditava ser a realidade exterior e independente da subjetividade e para quem a experi€mcia e a capacidade de ser afetado pelas coisas atraves dos sen tid os e de reproduzi-las em conteudos mentais representativos, a modernidade vai estabelecer que: a) a con sci en cia nao e uma mera passividade receptiva, mas atividade configurante; b) a realidade nao e reiletida pela consciencia, mas por ela, de certa forma, construida. A nos sa epoca recolhe esta heran<;a de maneira fecunda particularmente no discurso semiol6gico: a realidade construida intersubjetivamente e uma teia de significados e valores que 0 hom em institui ao red or de si no mundo. Ela sedimenta-se em sistemas de veicula<;ao semi cos (sobretudo na lingua) e se fixa em c6digos. Dai emerge a questil.o: tendo a realidade, enquanto constru<;ao, os limites e alcance do c6digo, como se comporta a consciencia e seus registros perante o nao-codificado, 0 nao-construido, a sua ausencia? Algumas abordagens desse outro da consciencia, apresentadas como declina<;6es de metMoras da ausencia, e aquilo que esse artigo pretende apresentar .• UNITERMOS: C6digo; consciencia; constru<;ao da realidade; filosofia da consciencia; outro; signo.Para Femando, como gaia provocar;aoA modernidade e urn cliscurso incompleto. As suas inten<;:oes de pensamento mais fundamentais nao esgotaram ainda a pr6pria validade. 0 nosso momenta recolhe a heran<;:a, a interpreta, a desenvolve, a recusa e, na alternancia pr6pria de qualquer esfOI<;:o hermeneutico, estabelece 0 principio : somos todos modernos.Eo somos tambem quando, pOI uma necessidade de penetrar m os os meandros da polissernia do cliscurso do moderno, incursionamos pOI certos seus eixos tematicos, implicitamente reconhecidos, mas muito pouco explorados. Esses nucleos de temas geralmente fazem parte de alguns filoes muito densos, e emergem aqui e ali, em passagens fundamentais ou em jun<;:oes marginais, como uma estavel fOIma<;:ao espiritual fixada numa epoca ou pensadOI, ou como urn problema errante, ideia vagabunda num cliscurso que percorre epocas e autores.