Formação do pesquisador, trabalho científico e saúde mental

Abstract

Este trabalho aborda a formação do pesquisador em sua articulação com o trabalho científico e a saúde mental a partir de um estudo de caso: uma pós-graduação de excelência na área biomédica. Parte-se do princípio de que a formação não pode ser pensada sem que se considere como eixo o mundo do trabalho acadêmico/científico. Nossos objetivos envolvem, principalmente, a identificação dos impactos da organização do trabalho acadêmico/científico sobre os pós-graduandos e suas carreiras. Os resultados foram analisados a partir, principalmente, das produções teóricas de Bourdieu e Dejours. As narrativas colhidas trouxeram inúmeras informações sobre o processo de escolha da profissão, as atividades diárias no laboratório, as relações com os orientadores e pares, as vivências de prazer e sofrimento, etc. Em conclusão, e apesar do nível do programa em foco, constatamos uma tendência ao alongamento da formação e à precarização do trabalho científico. Esse quadro tem levado a maior ou menor impacto sobre os pós-graduandos e suas carreiras, a depender de inúmeros fatores (tamanho do laboratório, colaborações existentes, contatos com editores de revistas, tipo de projeto, etc.). Por conta disso e levando esse material em consideração, recomendamos: (1) promover um debate amplo sobre o lugar do pós-graduando no mundo da ciência brasileira e (2) definir políticas educacionais e científicas que contemplem as inúmeras singularidades existentes no mundo acadêmico.