RESUMO. Os impactos de origem ambiental e ocupacional, relacionados ao uso de praguicidas, têm como alvo imediato a saúde coletiva, pois os resíduos liberados do ambiente ou remanescentes nas culturas estão sendo progressivamente transferidos para a água, para os alimentos e para o homem. Este trabalho teve como objetivo caracterizar a utilização de praguicidas por trabalhadores do setor agrícola, atendidos no Ambulatório
IntroduçãoDesde a década de 50, quando se iniciou a chamada 'revolução verde', foram observadas mudanças no processo tradicional de trabalho agrícola, bem como seus impactos sobre o ambiente e a saúde humana. Novas tecnologias, muitas delas baseadas no uso extensivo de praguicidas, também denominados pesticidas, agrotóxicos ou defensivos agrícolas, foram disponibilizadas para o controle de doenças, aumento da produtividade e proteção contra as pragas .A crescente demanda na produção de alimentos e o aumento da população mundial têm resultado em grande aumento do consumo de praguicidas. Estes são responsáveis por mais de 20 mil mortes não intencionais por ano, sendo que a maioria ocorre no terceiro mundo, onde se estima que 25 milhões de trabalhadores agrícolas são intoxicados de forma aguda, anualmente (Ferreira, 1993).As pessoas que têm contato direto com os praguicidas, na fabricação e na aplicação, correm riscos de intoxicação que, dependendo do produto e dos cuidados seguidos, podem ser fatais. Nos alimentos, esses produtos podem vir da aplicação direta em uma das fases da produção, do transporte ou do armazenamento (Andrade, 1995).No Brasil, a agricultura, até os anos 80, não dispunha de legislação sobre o uso de praguicidas. O mercado livre e, muitas vezes, a falta de orientação aos produtores, que desconheciam a extensão do uso desses produtos químicos, levavam o agricultor a aplicar quantidades indiscriminadas, sem o parecer de um técnico especializado. Apenas em 1989 foi aprovada a Lei 7.802 (Brasil, 1989), que regulamentou o uso de praguicidas no país com a