O carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus parasita bovinos transmitindo agentes infecciosos e gerando prejuízos estimados em 3,24 bilhões de dólares por ano. Embora o tratamento químico seja o principal meio de controle, há registros de populações resistentes a estes produtos em diversas regiões do Brasil. As perdas associadas aos animais de produção e à resistência aos carrapaticidas motiva a busca de estratégias alternativas de controle. O fungo entomopatogênico Metharizium anisopliae é um promissor agente de controle biológico, iniciando a infecção através da penetração na cutícula do carrapato. O objetivo deste trabalho foi avaliar a ação do fungo M. anisopliae no controle de R. microplus utilizando um protocolo inédito de teste em experimentação semi-campo. O experimento iniciou-se com a aplicação de uma emulsão de M. anisopliae (isolado IBCB 425) na concentração de 2x1013 conídios/hectare aplicada ao solo nos meses de outubro/novembro de 2019 e de março/abril de 2020. Dezoito fêmeas ingurgitadas de R. microplus, divididas em dois grupos (teste e controle) são acondicionadas em um tecido voal posteriormente selado. As 9 fêmeas de ambos os grupos permaneceram na pastagem durante 15 dias, período após o qual são recolhidas e mantidas em estufa B. O. D. para a postura de ovos. Idêntica deposição é repetida 3 vezes a cada 14 dias com ambos os grupos nas mesmas áreas. As fêmeas ingurgitadas de ambos os grupos são avaliadas em relação à infecção fúngica em cortes histológicos posteriormente corados com Hematoxilina e eosina (HE), Grocott e por hibridização in situ cromogênica com um oligonucleotídeo marcado com biotina. O conteúdo do solo de ácaros da subordem Oribatida foi avaliada antes e após o experimento como indicador da diversidade da mesofauna edáfica. Os resultados mostram que a eficácia do fungo permaneceu durante todos os trinta dias do experimento, sugerindo uma colonização estável do fungo na pastagem. As colorações de HE, Grocott e hibridização in situ cromogênica mostraram, respectivamente, alterações no sistema reprodutor das fêmeas, a presença de fungos nos tecidos internos do R. microplus e a identificação destes fungos como da espécie M. anisopliae. Organismos da mesofauna edáfica não sofreram interferência do fungo. Com base nestes resultados propomos o controle biológico do R. microplus com o fungo M. anisopliae (IBCB 425) com aplicações no pasto em intervalos de 30 dias na dosagem de 2x1013 conídios por hectare.