TIMENETSKY, J. et al. Identificação de micoplasmas pela inibição de crescimento de amostras isoladas de culturas celulares, Rev. Saúde públ., S.Paulo, 26 (1): 17 -20 , 1992.As culturas celulares devem ser continuamente monitoradas quanto à presença de micoplasmas, pois, embora às vezes eles passem despercebidos, podem causar alterações cromossômicas, interferir na replicação viral, na produção de anticorpos e interferon. A Organização Internacional em Micoplasmologia (IOM) recomenda o isolamento e a identificação de micoplasmas, visando detectar as prováveis origens da infecção e melhorar a qualidade das culturas. Assim, foram analisadas pela inibição de crescimento, 37 amostras pertencentes a 27 linhagens celulares contaminadas por micoplasmas. Em nenhuma amostra foi observada a ocorrência de duas espécies. Foram identificados 18 (48,65%) Mycoplasma arginini, 15 (40,55%) Acholeplasma laidlawii, dois (5,40%) Mycoplasma orale, sendo que duas amostras (5,40%) não foram identificadas. Considerando as espécies caracterizadas na pesquisa, os autores sugerem: a) a adoção do teste de isolamento de micoplasmas em caráter de rotina; b) o aprimoramento das técnicas de assepsia e desinfecção; c) a eliminação da pipetagem bucal; d) a utilização de soros e de outros componentes de meios de cultura de qualidade certificada; e) o questionamento da presença de micoplasmas quando linhagens celulares são permutadas pelas instituições; f) a avaliação cautelosa de resultados obtidos quando se utilizam culturas infectadas por esse microrganismo.
IntroduçãoAtualmente, culturas celulares não têm seu uso restrito à Virologia, sendo utilizadas em diversas áreas da pesquisa biomédica. Por constituírem sistema biológico sensível a agentes físicos, quí-micos e infecciosos, devem apresentar-se íntegras, de modo a não prejudicarem os ensaios laboratoriais. O monitoramento das culturas celulares deve ser permanente e incluir a pesquisa de micoplasmas porque estes microrganismos são capazes de provocar alterações citogenéticas 6,7,8,10 . Com a produção, permuta e comercialização de culturas celulares, inicialmente isentas de micoplasmas, nem sempre é possível assegurar que eles continuem ausentes, pois, com a sucessão de repiques, a transposição do microrganismo para elas, às vezes, é inevitável. O soro animal, por exemplo, mesmo após passar através de membranas filtrantes com porosidade de 0,22 um, pode conter micoplasmas, já que estes, sob determinadas condições fisiológicas, atravessam os poros 8,10,15 . As taxas de infecção por micoplasma em culturas celulares variam de acordo com os fatores interferentes na manipulação, existentes em cada laboratório. Assim, 15% de infecção não constituem freqüência inesperada 1,6,10 . No Brasil, Barth e Majerowicz (1988) 3 detectaram micoplasma através da microscopia eletrôni-ca, em soros e culturas celulares, enquanto que Miyaki e col. (1989) , através de cultivo direto, verificaram a presença de Mycoplasma sp. em 45,28% de 106 culturas celulares examinadas. Timenetsky (1990) 15 , através de provas d...