Clínica e terapêutica da doença de Chagas

Abstract

1 - Baseados na experiência adquirida nos últimos cinco anos em Bambuí, Minas Gerais, onde mais de seiscentos casos de doença de Chagas tém sido estudados, os autores fazem uma revisão das manifestações clínicas desta doença. mencionam alguns dados sôbre a incidência da esquizotripanose e chamam a atenção para a importância social desta moléstia. 2 - Sugerem a seguinte sistematização das fórmas clinicas da esquizotripanose: a) Forma aguda; b) Formas crônicas: 1 - Forma indeterminada (cardiacos potenciais), 2 - Forma cardíaca (cardiopatia crônica). Os autores não encontraram no material estudado em Bambuí casos classificaveis como forma nervosa crônica. 3 - Apresentam evidências de ordem clínica e experimental que justificam admitir-se a cardiopatia crônica da doença de Chagas como entidade clinica definida. 4 - As manifestações da infecção aguda são estudadas à luz da experiência adquirida com os 103 casos agudos diagnosticados em Bambuí. Dois tipos de fenômenos edematosos podem ocorrer em pacientes com esquizotripanose aguda: o edema local, de porta de entrada do parasito, e o edema generalizado (o chamado "mixedema"). A patogenia dêste último é revista e sugere-se que ele seja devido a uma hipoproteinemia. O edema local parece de natureza inflamatória. As manifestações da cardiopatia aguda da doença de Chagas são descritas. Ritmo de galope, aumento da area cardíaca (em alguns casos devido a transudato pericárdico), prolongamento do espaço P-R, alterações primárias da onda T e extra-sístoles ventriculares - constituem os sinais mais importantes para o diagnóstico da cardiopatia aguda. Bloqueio de ramo direito foi encontrado em três casos fatais de cardiopatia aguda, um dos quais apresentou também pronunciado desnivelamento de ST (padrão de injúria). A morte durante a infecção aguda é usualmente precedida por manifestações convulsivas. Na maioria dos casos as manifestações, da infecção inicial regridem e o paciente passa à condição de cronicidade em aparente cura espontânea. Esta, entretanto, parece não ocorrer. 5 - Pacientes com infecção crônica e sem evidências de comprimento cardíaco são classificados como cardíacos potenciais ou forma crônica indeterminada. A infecção em regra permanece ativa e os sinais da cardiopatia podem desenvolver-se mais tarde. 6 - A cardiopatia crônica é usualmente manifestação tardia da infecção. Ela incide em cerca de 50% dos pacientes com infecção crônica. Suas manifestações dependem da extensão das alterações miocárdicas. Palpitações, dispnéia, crises convulsivo-sincopais (bloqueio A-V intenso), precordialgias atípicas e dôr no hipocôndrio direito (congestão passiva do fígado) são os sintomas mais comuns. Alguns casos não apresentam sintomas, o coração não se mostra aumentado e a única evidência da cardiopatia é fornecida pelo eletrocardiograma (cardiopatia assintomática). Irregularidades do ritmo cardiaco, desdobramento da 2ª bulha no foco pulmonar e ritmo de galope são achados auscultatórios frequentes. O aumento do coração é de grau variavel; ele atinge a todas as cavidades car...

Fase aguda da doença de Chagas na Amazônia brasileira: estudo de 233 casos do Pará, Amapá e Maranhão observados entre 1988 e 2005

“…Em Bambuí (Minas Gerais), por exemplo, em 100 casos agudos registrados, apenas 5% eram maiores de 21 anos 21 . Nos casos ora estudados, a faixa etária predominante foi de adultos entre 18 e 59 anos, havendo predomínio do sexo feminino em adultos.…”

Evolution of the clinical and epidemiological knowledge about Chagas disease 90 years after its discovery

“…The investigations carried out in Bambuí during the 1940 decade had a great impact, facilitating the recognition of Chagas heart disease on the part of general clinicians (Laranja et al 1948a, Laranja 1953). Serology (Guerreiro & Machado 1913) was the tool that confirmed the diagnosis of a large number of cases and its credibility was established with the first 250 cases diagnosed parasitologically.…”

“…The clinical studies of numerous cases of Chagas disease in Bambuí, followed-up over a certain period of time, brought new elements for the clinical characterization of the disease, with the establishment of evolutionary types of different prognostic significance. It became clear that the electrocardiographic picture of the disease was not detected in similar groups of individuals with other types of heart disease (Laranja et al 1948b), with emphasis on the highly frequent ventricular estrasystoles, right branch block or auriculo-ventricular blocks, primary T wave alterations and alterations of the initial phase of the ventricular complex (Dias et al 1945). From a clinical viewpoint, the individualization of this cardiopathy was helped by the different forms of dyspnea, the frequent occurrence of passive liver congestion as an early manifestation of cardiac failure, the easy restoration of the circulatory equilibrium during the first decompensations, the frequent unfolding and accentuation of the 2nd sound in the pulmonary focus, and the late character of the cardiopathy during the course of the disease, with a slow evolution and a long patient survival (Dias et al 1945).…”

Chagas Disease in Dogs from Endemic Areas of Costa Rica

“…The main two phases of human infection (acute and chronic) can be reproduced in dogs (Andrade et al 1997). Dogs have also been recommended as a good model for the study of pathological changes during the course of the disease (Laranja et al 1948, 1949, Anselmi 1965, 1967, Lana et al 1992, Machado et al 2001) and also as natural sentinels in surveillance areas where a vector control campaign has been performed (Castañera et al 1998).…”