Ações de recuperação de comunidades vegetais, em áreas mineradas, podem contribuir para a conservação de espécies. Áreas de empréstimo são áreas mineradas, geralmente localizadas no ambiente urbano e periurbano, caracterizadas pela remoção total da cobertura vegetal para retirada do subsolo. Nas áreas urbanas, também há a questão da destinação adequada dos resíduos sólidos urbanos. O processo de tratamento de esgotos sanitários gera um subproduto conhecido como lodo de esgoto ou biossólido. A poda de árvores nos centros urbanos também gera grandes volumes de resíduos sólidos. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos do uso do biossólido e dos resíduos de poda na recuperação de área de empréstimo, no Distrito Federal. Foram avaliados: (i) os efeitos de diferentes dosagens de lodo e de resíduos de poda, e sua combinação, na sobrevivência e crescimento inicial de mudas de espécies arbóreas de dez espécies nativas do Cerrado; (ii) o estabelecimento de gramíneas exóticas invasoras e outras espécies espontâneas nas parcelas experimentais; e (iii) as condições de fertilidade e de reestruturação do solo em recuperação. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com oito tratamentos e um grupo controle, e três réplicas de cada tratamento, totalizando 27 parcelas experimentais. Foram testados os efeitos de três níveis (doses) dos dois fatores (Lodo-L e Poda-P): L0P0; L0P1 (122,5 Mg.ha-1 de poda); L0P2 (245 Mg.ha-1 de poda); L1P0 (270 m 3 .ha-1 de lodo); L1P1; L1P2; L2P0 (1.080 m 3 .ha-1 de lodo); L2P1; e L2P2. Em cada parcela experimental foram plantadas aleatoriamente 60 mudas de espécies arbóreas (6 indivíduos por espécie). As espécies de formações florestais do Cerrado Anadenanthera colubrina, Copaifera langsdorffii, Handroanthus impetiginosus, Peltophorum dubium, Schinus terebinthifolius e Senegalia polyphylla apresentaram alto percentual de sobrevivência e elevadas taxas de crescimento inicial nos tratamentos constituídos por dosagens combinadas dos resíduos e/ou constituídos somente por dosagens de lodo. As espécies de formações savânicas apresentaram as menores taxas de crescimento relativo em altura (Alibertia edulis e Alibertia sessilis) e em diâmetro (Tabebuia aurea) em todos os tratamentos testados. Plantas de T. aurea apresentaram o menor percentual de sobrevivência do experimento (tratamento L2P2). As condições edáficas nos tratamentos testados apresentaram melhorias nos parâmetros de fertilidade principalmente com dosagens de lodo. A colonização das parcelas experimentais por espécies espontâneas indicou necessidade de previsão de métodos de controle semelhantes aos praticados em projetos de restauração de forma geral. A recuperação de área de empréstimo, localizada em ambiente urbano, com utilização de lodo e poda e plantio de mudas de espécies arbóreas, apresentou bons resultados quanto à recomposição da cobertura vegetal.