AMATO NETO, V. et ai. Estudo experimental sobre a possibilidade de prevenção da malária pós-transfusional, através do uso da violeta de genciana. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 21:497-500, 1987.
RESUMO:Levando em conta a comprovada ação preventiva da violeta de genciana quanto à transmissão da doença de Chagas, por transfusão de sangue e, também, possível idêntica eficácia a respeito da toxoplasmose, foi empreendida investigação para verificar se esse corante tem, da mesma forma, a capacidade de evitar a malária decorrente de hemoterapia. Foi investigada a infecção de camundongos pelo Plasmodium berghei. Usando parasitemia, mortalidade e alterações histopatológicas como parâmetros, verificou-se que a violenta de genciana, adicionada ao sangue, nas concentrações de 1/1.000 e 1/4.000, opõe-se efetivamente à ação infectante do protozoário, após permanência em geladeira (4°C) durante 24 horas. Conclui-se que se abre nova perspectiva quanto à profilaxia da malária induzida, em serviços de hemoterapia.
UNITERMOS:Malária, prevenção e controle. Violeta de genciana, farmacodinâ-mica. Plasmodium berghei, efeitos de drogas. Camundongos, parasitología. Transfusão de sangue, efeitos adversos.
INTRODUÇÃOVárias infecções são transmissíveis por meio da transfusão de sangue. Entre elas, algumas, mais comumente, têm merecido considerações e preocupações, como a doença de Chagas, as hepatites por vírus B e não A-não B, a malária, a sífilis e a Síndrome da Imunodeficiên-cia Adquirida (AIDS).Diante dessa realidade, torna-se imperioso adotar medidas preventivas, a fim de permitir conveniente proteção dos receptores benefiá-veis da hemoterapia.Para evitar a infecção transfusional, diferentes condutas são recomendadas e incluem providências que variam com o atendimento de pessoas em regiões onde há endemicidade ou não. Elas levam em conta informações sobre malária anterior ou exposição à parasitose, execução de prova sorológica de imunofluorescência indireta e, até mesmo, tratamento específico de doador e receptor. Ê lógico, entretanto, cogitar de aproveitamento do sangue, sempre que necessário e possível, respeitando o valor que ele encerra.A violeta de genciana, conforme está categoricamente demonstrado, evita a veiculacão transfusional da infecção causada pelo Trypanosoma cruzi, sem determinar inconvenientes distúrbios nos enfermos tratados através de sangue ao qual ela foi adicionada 1 -2 ' 3 ' 4 ' 6 . Convém ainda aduzir que esse corante, experimentalmente, em camundongos, revelou-se apto a coibir a aquisição da toxoplasmose por hemoterapia 5 . Diante dessa dupla capacidade, sentimo-nos estimulados a verificar se o agente profilático em tela pode opor-se à idêntica propagação da malária, também importante no contexto dos percalços atribuíveis ao uso de sangue e derivados como recursos úteis na