1997
DOI: 10.1590/s0034-77011997000200005
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"Incorrigíveis, afeminados, desenfreiados": indumentária e travestismo na Bahia do século XIX

Abstract: RESUMO: Nos registros policiais e nas notícias de jornais baianos oitocentistas encontram-se referências à prisão de travestis (a maioria homens que se "vestiam de mulher"). Utilizando-se de relatos de cronistas e viajantes para situar os modos de vestir e trajar na cidade de Salvador, o autor analisa os casos de travestismo abordando alguns temas correlatos, como o da homossexualidade e aspectos da vida baiana oitocentista. O argumento é que o percurso do travestismo no Brasil oitocentista dependeu das intere… Show more

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“…Yaya Mariquinhas, um(a) vadio(a) preto(a) era exemplo da ofensa permanente à moralidade pública por usar trajes de mulher (SANTOS, 1997…”
Section: ~171~unclassified
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“…Yaya Mariquinhas, um(a) vadio(a) preto(a) era exemplo da ofensa permanente à moralidade pública por usar trajes de mulher (SANTOS, 1997…”
Section: ~171~unclassified
“…Filho (1986, p. 94), situar-se fora da ordem estabelecida pois violava o ideal patriarcal(SANTOS, 1997, p. 164).Além do mais, Yayá Mariquinhas reivindicava um tratamento no feminino, questionando de maneira escancarada a fixidez dos gêneros, desafiando a relação entre sexo biológico e gênero.A bicha do século XVI, localizada porMOTT (2005), a mulher paciente, e do século XIX, localizada porSantos (1997), chamada de incorrigível, afeminado, desenfreado ou homem-mulher no estado da Bahia, estava presente nos tribunais do Santo Ofício, nos autos policiais e nas páginas dos jornais, possibilitando suas localizações.Afirmo, então, que a existência da bicha preta se anuncia no espaço público, nas ruas, nos bares, nos portos, nas praças, nos bordéis, por estar atrelada à exigência de extrair o sustento do Yayá Mariquinhas vão dando dicas de que as bichas pretas transitavam pelos espaços públicos mesmo correndo o risco de serem presas e/ou denunciadas aos tribunais do Santo Ofício. Suas existências são atravessadas por questões socioeconômicas e raciais que as colocam em evidência.Antes mesmo das bichas brancas encontradas porWHITAKER (1939), FRY e MACRAE(1985) eGREEN (2000GREEN ( , 2003, as bichas pretas circulavam e abriam caminho.…”
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“…(ECO, 1982, p. 15) Assim, a identidade de gênero comunicada pela moda utiliza-se da naturalização da binariedade de gêneros, mais especificamente das práticas culturais que GilbertoFreire (1987) classificou como "modos de homem" e "modas de mulher", que descrevem respectivamente o jeito, artes e comedimentos próprios de homens bem educados e também a imagem da feminilidade (FREIRE, 1987). Dessa forma, como apontaSantos (1997), "ao fixar normas e padrões de vestuário para cada um dos sexos, não se permitiam mudanças, ou mesmo inversões de indumentária. Essa era a própria semantização do corpo" (SANTOS, 1997, p. 148), ou seja, a normatividade da moda que dá significado ao corpo.Quanto mais normativo é o contexto histórico e social em relação ao vestuário e à indumentária enquanto marcadores visuais de diferenças, maior será o potencial da vestimenta de comunicar uma identidade social.…”
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“…Nelas, as pessoas negras parecem ter dificuldades em adotar uma posição ereta, têm pescoço curto, braços bastante alongados e, em muitas situações, suas roupas se resumem a pedaços de tecido amarrados ao redor da cintura. No caso, a ausência de vestimenta procura confirmar a condição de selvagem da população negra escravizada, já que o uso de roupas não diz respeito apenas à decência, aos bons costumes e a discrição, mas se engloba, na visão europeia, no próprio processo civilizador (Santos, 1997).…”
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