[No Title Available]

Abstract

elizmente, as ciências sociais têm ainda muito a dizer acerca da globalização ou mundialização, como preferem os franceses. O livro de AnneCatherine Wagner é um bom exemplo.Para que o conceito saia do nível retórico corriqueiro, em que, no limite, serve de panacéia irreversível deste início de milênio, basta aplicar algumas virtudes já antigas da sociologia e da antropologia. Por exemplo: a precisão conceitual e teórica e a observação intensiva, controlada. A propósito, a autora não é consultora de empresa nem tem interesse em glorificar esta ou aquela corporação, este ou aquele executivo. Seu texto é livre de eufemizações e ressentimentos, virtude rara nesse assunto.Situada na região parisiense, a autora observou de perto os agentes e as instituições que respondem pela formação e reprodução social do segmento internacionalizado dos executivos de empresa. A família nuclear e ampliada, os círculos de amigos e colegas que envolvem o executivo "expatriado" dentro e fora da corporação, sua mulher e filhos, as escolas "internacionais" que seus filhos freqüentam (muitas delas alheias à legislação educacional francesa) e os clubes onde se reú-nem são os principais espaços observados.Como resultado, o texto mostra a carne e o osso desse novo segmento, ao revelar as práticas e os processos que vão produzindo hábitos duráveis sem os quais os executivos jamais realizariam os padrões de excelência implicados em uma carreira internacional e na transformação de sua família em uma "família internacional". Desnecessário lembrar que a interiorização bem-sucedida desses hábitos se passa, em grande parte, em nível inconsciente, o que impõe o cuidado de não tomar ao pé da letra os relatos de executivos sobre suas carreiras, sucessos e dificuldades.Assim, cabe descrever o que muda, no repertório mental, quando o horizonte de carreira aponta para fora do país. Qual a nova relação com o tempo que aí se impõe? Qual a relação com o idioma e com os rituais de