RESUMOO cuidado a pacientes terminais no domicílio altera a dinâmica da família e requer reorganização das funções dos seus integrantes, para o atendimento das necessidades dessa condição de vida. Objetivou-se, com este estudo, descrever a dinâmica de organização dos cuidadores familiares do paciente terminal em internação domiciliar. O estudo é de caráter qualitativo e foi realizado no período de janeiro a junho de 2010, com onze cuidadores familiares de doentes terminais cadastrados no serviço de internação domiciliar de um hospital universitário do Sul do Brasil. Para a coleta de dados foram utilizadas entrevistas narrativas, analisadas por meio de análise de conteúdo. Foram construídas duas categorias: Organização da família para o cuidado do paciente terminal no domicílio; e Privações na vida do cuidador envolvido no cuidado ao paciente terminal. Percebe-se o impacto que uma doença terminal causa na família que a vivencia, principalmente no momento da internação domiciliar. Essa modalidade de cuidado, embora proporcione benefícios, pode trazer também desconforto, dificuldades financeiras e/ou sobrecarga física e emocional ao cuidador familiar, se não for planejada e acompanhada por profissionais de saúde. Pensar ações objetivando reduzir as dificuldades enfrentadas pela família torna-se pertinente aos enfermeiros e seus pares.
INTRODUÇÃOA assistência domiciliar, mais especificamente uma de suas modalidades, a internação domiciliar, tem sido discutida como uma maneira de atender às demandas atuais que emergem em torno das mudanças do processo saúde/doença, como o surgimento das doenças crônicas. No Brasil, os serviços de internação domiciliar se organizam desde 2002, e muitos desses nascem dentro do espaço hospitalar. São direcionados para pacientes com agravos agudos ou crônicos que não necessitam estar internados no hospital, mas que precisam de cuidados permanentes, que podem ser assumidos por um cuidador familiar sob a supervisão de uma equipe de saúde (1) . Além disso, essa modalidade também pode ser ofertada para pacientes sem possibilidades terapêuticas de cura ou como cuidados paliativos.A família pode ser definida como uma unidade constituída por pessoas que se percebem como família e que tem uma estrutura e organização próprias em constante transformação (2) . Dentro do sistema familiar as doenças e os óbitos consistem em eventos considerados graves, os quais podem