ResumoTrata-se de uma reflexão que toma como ponto de partida o processo de globalização estabelecendo um contraponto entre as características deste processo e as proposições da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento/1994, procurando discuti-lo com base nos escritos de Sen (2000Sen ( , 2001 Sen's (2000Sen's ( , 2001
IntroduçãoA frase "ninguém nasce mulher, torna-se mulher"(1:9) coloca o ser mulher, sob uma nova perspectiva, negando a fatalidade dos essencialismos biológicos que contribuíram para circunscrever a mulher às funções femininas, subalternas, estreitamente ligadas à reprodução, ao lar e à família, e desvalorizadas por não serem produtivas economicamente.Hoje se aceita que ser mulher não é mero resultado de uma equação genética, mas fruto de uma elaborada rede de valores e disposições sócio-culturais na qual se enlaçam poderes, interesses, crenças e todas as diversidades: a pluralidade humana. Entretanto, embora esses aspectos sejam reconhecidos, as diferenças biológicas e o vínculo da mulher com a reprodução têm, historicamente, contribuído para legitimar desigualdades em outros âmbitos do viver. A prática discriminatória contra a mulher tem trazido resultados amargos como privações dos mais diversos tipos, mortes prematuras, abandono, violência, exclusão social, restrições no trabalho, pobreza cada vez mais acentuada, dentre outros tantos.Entretanto, se há pouco tempo essas questões permaneciam restritas aos guetos feministas (2) Assim, desenvolvemos este trabalho com o objetivo de refletir sobre a situação das mulheres no Brasil e no mundo, tendo como referência o fenômeno da globalização, as proposições de Sen sobre a igualdade, e defendendo a posição da existência de uma interface entre a situação das mulheres e a assistência de enfermagem.
Mundo GlobalizadoO termo globalização tem sido usado para designar a expansão do sistema capitalista, da economia de mercado, bem como dos meios de informação que servem aos interesses das elites, aos monopólios econômicos e comunicacionais, ao que chamamos de globalização negativa, cujas conseqüências têm sido avassaladoras para a vida humana atual e futura. São usados como sinônimos de globalização: mundialização, modernização, multinacionalização, desterritorialização, transnacionalização, ocidentalização, internacionalização. Estão por trás desse fenômeno o neoliberalismo, o imperialismo e a oligarquia. Alicerçando esse sistema aparecem o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial, a Organização Mundial de Comércio (OMC), o G7 e os Clubes de Londres e Paris, impondo uma "Nova Ordem Financeira Internacional" (3) ou um "Reordenamento Mundial da Economia" (4) . Ao fornecerem empréstimos financeiros aos países que deles necessitem, exigem o cumprimento das chamadas medidas de ajuste estrutural, dentre elas a privatização, o corte nos gastos sociais, a desvalorização da moeda, a abertura ao capital internacional, entre outras, as quais nada mais são do que a instalação de