Do corpo histérico ao "corpus" teórico

Abstract

RESUMO -Este estudo aborda a ma neira pela qual Freud, de fo rma origi nai, efetuou uma leitura no corpo-sintoma da histérica e construiu uma clini ca inédita destinada ao tratamento das neuroses. Esta clfnica, fundada na transferência, é suportada pelo ediffcio teó rico que tem o inconsciente e a sexualidade como pa radigmas.ABSTRACT -This study aboards the way on which Freud, originally, has read in the symptom-body of an histeryca l an perfo rmed and inedit clinics fo r treating neurosis. This clinic fo unded in transfe rence, is supported by the theoretical building which has uncou nciousness and sexuality as paradygms.As complexas ocorrências que tiveram co-histéricas. Tal lugar fo i, por muito tempo, aque mo palco o corpo das histéricas foram objeto de le onde se foc alizou apenas o corpo-cadáver. preocupação dos médicos, religiosos, cientistas Quando os médicos abriram esse cotpc!, e até mesmo dos incautos. Essa preocupação era movidos por um saber enganoso, produziraiB, de natureza tal que o corpo-cadáver da histérica um tipo de saber que nada informava sobre a não passava despercebido: ou era aberto ou era histeria. Desta forma, úJl saber veio a consti queimado para eliminar algum tipo de mal.tuir-se num complicador ao não considerar na Certamente, os enigmas que o corpo da histeria seu aspecto essencial: o discurso da histérica apresentou, resultaram em perplexida-' histérica 2• des, impasses para a Ciência e desafio às teorias O saber médico referiu-se à histeria, valen que se destinavam a definir a histeria e o sujei-do-se de uma fundamentação baseada no estudo to. Obviamente, alguma coisa contribuiu para do corpo-cadáver. Mas a histérica, arguta que isso. Conforme aponta BERCHERIE', alguns sempre foi e é, escapou a essa espécie de redu .6bios, cegos pela crença numa alteração here-cionismo, desafiando as leis da anatomia ditária, empenharam-se na busca de um substra-através de suas paralisias e anestesias. Nesse to neurológico para explicar o corpo-sintoma da · sentido, o acesso à histeria via corpo-cadáver histérica. Para tanto, executavam um ritual des-jamais poderia alcançar o cerne da questão. In tinado aos corpos-cadáveres. Também, alguns dubitavelmente, foi essa via que "cegou" o mestres, querendo forçosamente enquadrar o produtor do discurso médico. Mas, porque as dinamismo dos corpos das histéricas num con-coisas assim se apresentaram ? Em princípio, o texto onde reinavam leis objetivas, acabaram descompasso entre o saber médico e a histeria � por postular uma lesão dinâmica, como fez a decorrência lógica de que o corpo-cadáver Charcot. não obstante, esse modo de pro-nada informa sobre o corpo-sintoma. Este, pelo ceder não foi suficiente para o abandono da dis-fato de produzido e habitado pela linguagem, é secção sistemática e minuciosa dos corpos-quem fala, podendo sugerir o que a histeria é. cadáveres. Queriam explicar, através do corpo-O corpo da histérica, em sua relação à lin cadáver, as manifestações observadas no corpo guagem, mostrou ao saber médico, através de sintoma. Em contrapart...