Como citar este artigo: Ramos JL. Pequenos para a idade gestacional: gravidade, proporcionalidade e mortalidade. J Pediatr (Rio J). 2005;81:187-8. Entre os temas que mais preocupam os que estudam o recém-nascido de baixo peso e as condições perinatais que sobre ele repercutem, estão as tentativas de dividir (ou classificar) esses recém-nascidos em grupos, para os quais se pode prever determinados riscos e prognósticos e, eventualmente, instaurar medidas preventivas.Dentre o grupo de crianças de menos de 1.500 g, como em outros grupos, tornou-se indispensável conhecer a adequação do seu peso para a idade gestacional, tendo em vista a sobrevida neonatal, a morbidade e o risco de seqüelas de diversos tipos 1,2 . Nos de peso extremamente baixo e de baixa idade gestacional, há muitas vezes a dificuldade em saber se é a imaturidade ou a desnutrição (refletida pela restrição de crescimento fetal) que acarreta o maior risco de morbidade e de prognóstico reservado 3 .O grupo dos recém-nascidos prematuros com peso menor que 1.500 g pequenos para a idade gestacional seguramente necessita de uma avaliação de características físicas que possam identificar possíveis subgrupos e sua importância clínica. É o que fazem Grandi et al. no artigo publicado neste número 4 , partindo para minucioso estudo da prevalência, gravidade e proporcionalidade dos recém-nascidos de menos de 1.500 g pequenos para a idade gestacional, para diferentes graus de prematuridade. Estudam, ainda, o risco de mortalidade segundo a condição de pequeno para a idade, o grau de gravidade da restrição de crescimento e a proporcionalidade.Pequenos para a idade gestacional: gravidade, proporcionalidade e mortalidade Small for gestational age: severity, proportionality and risk of mortality José Lauro Araujo Ramos * A proporcionalidade dos portadores de restrição de crescimento é motivo de discordância na literatura quanto aos riscos associados. Durante as últimas 2 décadas, a noção de proporcionalidade tem sido discutida. Valorizada inicialmente por autores como Villar & Belizan 5 e questionada, em sua essência, por autores como Kramer et al. 6 , os quais, contudo, aceitam a possibilidade de uma proporcionalidade dividida em simétrica e assimétrica poder ocorrer, principalmente em populações de paí-ses menos desenvolvidos.Os resultados de Grandi et al. 4 mostram elevado índice de pequenos para a idade gestacional no grupo estudado (30,1% abaixo do percentil 10 e 13,1% abaixo do percentil 3), com elevada mortalidade quando a condição de pequeno é grave (segundo a razão de crescimento fetal (FGR)) e, vale acentuar, independentemente da etiologia.De acordo com os dados de índice ponderal, a restrição de crescimento mais encontrada foi a simétrica, que na literatura é considerada mais grave e associada, em geral, a agentes nocivos instalados precocemente na gestação. Esse é um dado importante nesse trabalho, ressaltando-se que cromossomopatias e malformações letais foram excluídas da casuística. Outro dado a destacar é o fato de não se ter encontrado relação entr...