Diabete insipido apos mielografia: registro de um caso

Abstract

Um paciente apresentou diabete insípido 24 horas após ser submetido a mielografia com Pantopaque.Esta complicação não é usual, não tendo os autores conseguido encontrar na literatura relato de caso semelhante. OBSERVAÇÃO M.A.S., sexo masculino, 28 anos, foi admitido em 10-08-76 para avaliação de uma paraparesia que vinha progredindo lentamente no espaço de dois anos.O paciente apresentava distúrbios urinários do tipo frequência-urgência-incontinêcia que havia se desenvolvido durante os últimos seis meses. A história pregressa era positiva para doença venerea e contato com águas naturais provavelmente infestadas pelo S. Mansoni. O exame físico nada revelara de anormal. O exame neurológico mostrava paraparesia espástica com reflexo plantar extensor bilateralmente e hipoestesia abaixo do nível de T6, sem preservação sacral.O paciente conseguia deambular com ajuda. Exames complementares -O exame parasitológico de fezes foi negativo. Exames laboratoriais de rotina e radiografias de tórax foram normais.Radiografias da coluna vertebral revelaram escoliose dextro-convexo da coluna dorsal superior. Mielografia com Pantopaque mostrou defeito de enchimento ao nível da coluna toracica superior. O contraste foi levado ao canal cervical e fossa posterior e removido sub-totalmente no fim do procedimento. O líquido cefalorraquidiano coletado durante a mielografia era claro, incolor e continha 2 células mononucleadas por mms, 26 mg% de proteína, 52 mg% de glicose, teste de VDRL não reativo e culturas negativas.No dia seguinte o paciente apresentou aumento da fraqueza dos membros inferiores e retenção urinaria^ necessitando cateterização vesical.Apresentou também poliúria, eliminando por volta de 400 cc de urina clara de baixa densidade por hora. Estudo radiológico do crânio revelou a presença de Pantopaque na região supra-selar (Fig. 1), Restrição de fluidos não provocou diminuição do volume urinário ou aumento da densidade urinaria acima de 1007. Dados laboratoriais após a mielografia incluíram hemograma e dosagem de glicose, creatinina, uréia, sódio, potássio e cloretos que foram todos normais. O exame de urina mostrou discreta hemoglobinuria, 4 leucócitos e 60 hemácias por campo ao exame do sedimento. O clearance da creatinina estava dentro dos limites normais. Injeção intramuscular de 5 unidades de pitressina aquosa abaixou o volume urinário a 170 cc/hora e aumentou a densidade urinaria para 1013. Depois de duas horas o volume urinário aumentou novamente para 600 cc/hora. Iniciouse então a administração de clorotiazida (2 comprimidos cada 12 horas) e administrou-se também 1 cc de "pitressima tanato em óleo", com controle parcial do volume urinário que decresceu para uma média de 4.000 cc/24 horas com uma densidade por Trabalho realizado no