As intoxicações crônicas por inseticidas podem produzir diversas manifestações no sistema nervoso central e periférico, tais como neuropatias motoras puras e mistas, mielopatias e lesões de nervos cranianos 12 . O mecanismo das lesões depende do tipo de inseticida empregado, dose absorvida, tempo de exposição e forma de intoxicação 2 >5,i3.Estudos experimentais de intoxicações por inseticidas demonstraram desmielinização dos nervos periféricos 1 » 2 » 14 , porém encontramos poucas descrições de estudos morfológicos de biópsias, apesar do grande número de relatos clínicos 12 .No presente trabalho nos propomos a estudar os nervos periféricos e mús-culos de pacientes com intoxicações crônicas e que apresentaram neuropatia. Utilizaremos a técnica de microdissecção de nervos a fim de tentar verificar o tipo de desmielinização e se a mesma é secundária à degeneração axonal ou segmentar, além de estudos rotineiros em parafina e histoquímica de músculos.
MATERIAL Ε MÉTODOSO estudo abrangeu 10 pacientes que apresentavam intoxicação crônica por inseticidas e cujas manifestações clinicas já foram descritas em trabalho anterior 12. Nenhum destes doentes apresentava sinais clínicos e/ou alterações laboratoriais compatíveis com outra etiologia para a sua neuropatia.Os critérios utilizados para o diagnóstico também já foram descritos em trabalho anterior 12 (contacto freqüente com inseticidas^ sintomatologia diretamente relacionada à exposição aos compostos, exclusão de outras etiologies, evidência de melhora dos sintomas quando os doentes sâo afastados do meio ambiente original e presença de níveis elevados de inseticidas em sangue, urina e/ou gordura).A idade, sexo, tipo de inseticida encontrado e as manifestações clínicas estão relacionados na tabela 1. Dos 13 pacientes originais 12, somente oito foram submetidos a biópsia do nervo sural, interiormente foram incluídos dois novos casos.Em todos os pacientes foi realizada biópsia do nervo sural na região supra-maleolar, conforme técnica descrita por Dyck e Lofgren 8.O fascículo do nervo foi fixado em glutaraldeido a 2% durante 10 minutos sendo, a seguir, lavado repetidas vezes em solução tampão de fosfato com pH 7,4 e posteriormente fixado em tetróxido de ósmio a 1% por 3 horas.Logo após o nervo foi mergulhado em glicerina a 33%