Cefaléia epiléptica: estudo de um caso com registro eletrencefalográfico durante a crise

Abstract

Embora sejam freqüentes as referências a cefaléias relacionadas à atividade irritativa cerebral, focal ou difusa, é raro o relato de anormalidades eletrencefalográficas durante crises de cefaléia sem caráter de enxaqueca.Na literatura a nosso alcance encontramos apenas um caso, descrito por Espadaler-Medina 1 5 . Por isso julgamos oportuno o relato de um caso referente a uma paciente na qual praticamos o eletrencefalograma (EEG) durante crises de cefaléia, comprovando sua origem epiléptica.OBSERVAÇÃO C.M.S., com 9 anos de idade, sexo feminino, branca (registro H.C. 879.833). A paciente foi internada, em 19-5-69, com queixas de cefaléia em crises e fraqueza muscular generalizada de longa evolução. Na véspera da admissão apresentara, pela primeira vez, três crises convulsivas localizadas no dimidio esquerdo, com generalização em dua delas. Nos antecedentes da paciente foi averiguado que apresentara retardo do desenvolvimento motor, somente iniciando a marcha aos dois anos de idade e, assim mesmo, apoiada e com grande dificuldade; somente aos 7 anos de idade é que começou a subir e descer escadas, passando a deambular relativamente bem, porém cansando facilmente. As crises de cefaléia se iniciaram precocemente, intensificando-se com o cansaço ou ruídos. As cefaléias eram de grande intensidade e ocorriam em crises, geralmente de curta duração. Em duas ocasiões entretanto, foram de tal modo intensas e duradoras, que motivaram a internação da paciente. O desenvolvimento psíquico da doente sempre foi normal. Não há história de cefaléia semelhante ou convulsões nos familiares. Exame cllnico-neurológico -Lordose lombar acentuada, joelhos valgos e pés cavos; ptose palpebral bilateral e hipomimia discretas; déficit muscular axial discreto; marcha e atitude sugestivas de miopatia; reflexos superficiais e profundos normais; sensibilidade normal; fundos oculares normais. Exames complementares -Craniograma normal. Líquido cefalorraqueano normal. Eletrencefalograma: intensamente alterado, mostrando anormalidades em ambos os hemisférios cerebrais, mais acentuadas à direita; no hemisfério esquerdo aparece atividade irritativa quase contínua (ondas lentas irregulares, ondas agudas e espiculas), predominando na região occipital; no hemisfério direito foram registradas três crises eletrográficas caracterizadas por ondas agudas ritmadas, atingindo todo o hemisfério, porém iniciadas e predominando em áreas posteriores; essas crises duraram 160, 180 e 200 segundos, respectivamente; nas figuras de 1 a 6 podem ser observados alguns aspectos de uma dessas crises; entre as crises eletro-

Pure epileptic headache and related manifestations: a video‐EEG report and discussion of terminology

“…The cases of Isler et al (1987) and Beauvais et al (2001) are not shown due to a considerable lack of data in the original reports. Similarly, other earlier cases were reported but are not included due to a lack of sufficient data (Heyck and Hess, 1955; Nymgard, 1956; Morocutti and Vizioli, 1957; Grossman et al , 1971). From the data shown in table 1, we can derive the following general characteristics of epileptic headache:…”

“…The cases of Isler et al (1987) and Beauvais et al (2001) are not shown due to a considerable lack of data in the original reports. Similarly, other earlier cases were reported but are not included due to a lack of sufficient data (Heyck and Hess, 1955;Nymgard, 1956;Morocutti and Vizioli, 1957;Grossman et al, 1971). From the data shown in table 1, we can derive the following general characteristics of epileptic headache: 1) The headache may appear as a migraine without aura, according to the criteria of the International Classification of Headache Disorders (ICHD)-II ( 2004) (Parisi et al, 2007;Perucca et al, 2010;Belcastro et al, 2011), an unspecified headache (Laplante et al, 1983;Ghofrani et al, 2006;Dainese et al, 2011), or a tension-type headache (Fanella et al, 2012), not accompanied or followed by other epileptic manifestations.…”

“…The terms “ epileptic headache ” (Nymgard, 1956; Grossman et al , 1971) and “ ictal headache ” (Laplante et al , 1983) were used in the first reports of the rare condition of headache occurring as the sole (or strongly prevailing) manifestation of an epileptic seizure. The term “ ictal epileptic headache ” (IEH) has recently been proposed (Parisi, 2009; Belcastro et al , 2011), although the use of the word “ ictal ” may be unnecessary since an epileptic manifestation is ictal per se.…”

Ictal Epileptic Headache: When Terminology Is Not a Moot Question

“…Although the revised International Classification of Headaches Disorders 3rd edition (ICHD-3) now includes the term “ictal epileptic headache” (17), it does not take into account the original clinical criteria (3). Indeed, since the first demonstration (13) of the immediate remission of EEG abnormalities and of the headache after the administration of intravenous anti-epileptic drug, over than 30 cases of IEH have been reported (3–6, 12–16, 18–34). These papers suggest that a diagnosis of IEH is possible when all the following criteria occur (3): (a) headache lasting minutes, hours, or days, headache that is ipsilateral or contralateral (if the headache is not generalized) with epileptiform EEG discharges (if the anomalies are localized); (b) variable EEG abnormalities may be observed without a specific EEG or clinical headache pattern required; (c) headache and EEG abnormalities immediately resolved after antiepileptic drugs intravenous administration (Table 1).…”

“…Another crucial point is the lack of a clear, repetitive EEG headache-associated pattern, owing to the fact that the ictal EEG recording is usually not associated with specific EEG picture. Indeed, different EEG patterns have been recorded during headache-like complaints in both symptomatic and idiopathic IEH cases (18, 20, 28–34).…”