Complicações infecciosas da ventrículo-auriculostomia

Abstract

Na última década a ventrículo-auriculostomia passou a ser a operação mais usada no tratamento da hidrocefalia. O pequeno traumatismo cirúr-gico, a grande facilidade de execução e a possibilidade de ser empregada em qualquer tipo de hidrocefalia, são as principais vantagens que fizeram com que essa técnica entrasse na rotina da maioria dos centros neurocirúrgi-cos Na maioria dos casos com complicação, referidos na literatura, ocorreu bacteremia. Neste quadro os sinais e sintomas, semelhantes aos encontrados na endocardite bacteriana, são devidos à liberação periódica, na corrente sangüínea, de germes que crescem no próprio sistema de drenagem, não havendo ependimite ou meningite. Julgamos interessante separar os doentes apenas com bacteremia dos que apresentaram infecção nos ventrículos e/ou no espaço subaracnóideo.De 1958 a 1965 realizamos a ventrículo-auriculostomia, com válvula de Holter, em 182 pacientes. Dêstes, 134 eram crianças hidrocefálicas e 48 adultos ou crianças maiores de um ano, com processos tumorals (20 casos) ou inflamatórios (28 casos) que obstruíam o trânsito do líquido cefalorraqueano (LCR). Complicações sépticas foram observadas em 39 doentes (21%), 33 dos quais eram lactentes. Em 18 casos ficou demonstrada a existência de ependimite ou meningite e em 21 ocorreu o quadro típico da bacteremia. EPÊNDIMO-ARACNOIDITENo quadro 1 estão resumidas as observações dos pacientes com epêndimo-aracnoidite. Dos 18 doentes, 16 eram crianças hidrocefálicas, sendo que duas tinham, também, meningorradiculocele lombossacra (casos 1 e 5) e duas apresentavam meningencefalocele occipital (casos 8 e 17). Nos dois adultos o bloqueio ao trânsito do LCR foi determinado por astrocitoma cerebelar (caso 15) e processo inflamatório inespecífico (caso 10). Em todos os pacientes a ventriculite foi comprovada pelo exame do LCR ou pela necropsia.