A aplicação rotineira de conhecimentos cada vez mais amplos sôbre o diagnóstico de cisticercose cerebral vai permitindo que se levante aos poucos o véu que encobre ainda os múltiplos aspectos clínicos dessa moléstia. O quadro que se nos depara nessas circunstâncias é na verdade assustador: em nosso ambiente, onde alta percentagem de consulentes provém do meio rural, a incidência da moléstia no âmbito da especialidade é esmagadora (28% dos que têm queixa de convulsões). Pela gravidade de suas manifestações, pela facilidade da infestação em nosso meio desamparado pelo poder público, pela pobreza de recursos terapêuticos, constitui êsse problema, a nosso ver, uma ameaça que se ombreia com a das grandes endemias nacionais. Muito progresso tem sido realizado nos setores diagnóstico (clínico, radiológico e laboratorial), patológico e terapêutico, mas o conhecimento das formas clínicas (vinculadas à topografia das lesões) tem segredos ainda não desvendados.A localização do cisticerco no sistema nervoso central não obedece a fatôres conhecidos e, na maior parte dos casos, é múltipla, tal como ocorre com outras moléstias hematogênicas. Decorre dêsse fator, aliás, grande parte das dificuldades diagnósticas. Há, não obstante, localizações mais freqüentes.
1)Localização subaracnóidea (50% de incidência) -Os cisticercos distribuem-se difusamente na superfície cerebral e cerebelar, ou localizam-se