Tumor próprio da glândula intercarotídea: Considerações em torno da gênese e da histofisiologia dessa glândula

Abstract

O exame histológico de uma produção tumoral, que evoluíra na sede do corpo carotídeo esquerdo de um indivíduo ainda jovem, dá-nos ensejo a que, no decorrer da exposição dêsse caso, façamos algumas considerações sôbre a histogênese, natureza de seus elementos e significação funcional da referida glândula, pois em tôrno dessas questões, como é sabido, não há ainda uniformidade de vistas entre os diversos autores.A 22-3-45 foi, pelo Dr. Vetere, remetida para exame a êste Departamento de Histologia e Embriologia uma peça anatômica, cirurgicamente retirada da região carotídea de um paciente com 28 anos de idade. Tinha forma arredondada e o tamanho de uma noz grande. Através de uma extensa incisão que a peça já trazia, percebia-se em sua parte central uma cavidade com paredes anfractuosas, estando preenchida por produtos hemorrágicos.Retiraram-se de diferentes pontos vários blocos de material para exame.As correspondentes secções histológicas foram tratadas por diversos métodos de coloração, de que adiante se fará referência.Já pela coloração da hematoxilina-eosina, em cortes histológicos interessando tôda a espessura da parte mais delgada da parede cavitária, nota-se a infiltração de um gânglio linfático regional, muito alterado em sua estrutura, por parte de um tecido de natureza neoplástica. Assim, partindo-se da superfície para a parte profunda, além da cápsula do gânglio bastante espessada, observam-se no referido corte porções residuais de estrutura linfoganglionar; em seguida, uma zona de conectivo esclerosado, em continuação do qual vem uma estreita faixa de tecido tumoral e, por último, focos necróticos e hemorrágicos.Entregue para publicação em 27 setembro 1945.