"II n'y a pas, en effet, de problème qui soulève autant de difficultés que l'aphasie". (Von Monakow e Mourgue, in Introduction Biologique à 1'Étude da la Neurologie et de la Psychopathologie.) Poderá parecer supérfluo abalançar-se alguém a realizar, em dias de hoje, uma tese sôbre a afasia. 0 assunto tem sido tão estudado, e sôbre o mesmo já existe tal quantidade de publicações, que o estudioso do assunto sente-se desorientado diante de concepções muitas vezes contraditórias e, mesmo, antagônicas.Poucos temas absorvem tanto como a afasia. Com razão lembra Ombredane 1 , ao comentar o fundamental trabalho de Bail larger, que os autores mantêm-se tão arraigadamente apegados à sua própria maneira de ver o problema, que novos conceitos emitidos passam freqüentemente despercebidos. Sirva de exemplo para esta crítica o esquecimento quase completo em que permaneceram os trabalhos de Jackson, não obstante tivessem eles reformado de maneira radical os velhos conceitos fundados na ilusão simplificadora do associacionismo.A multiplicidade de conceitos sôbre a afasia, cada um deles com ardorosos defensores, explica a grande quantidade de trabalhos publicados. Curioso é, entretanto, observar que, não obstante a vastidão da bibliografia, pouquíssimos são os trabalhos dedicados ao estudo da afasia em crianças. Os compêndios de patologia infantil, mesmo aqueles em que se estuda de maneira especial a neuropsiquiatria, referem-se de maneira inteiramente superficial ao assunto. Para que se tenha idéia de como o tema é pouco estudado, seria suficiente recordar que os "Year-Books" 3 de pediatria de 1940 a 1948 não citam um único trabalho referente à afasia em crianças. Dir-se-ia que o desprezo pelo tema daria a medida da importância do mesmo. Não pensamos desta forma, e a justificativa deste nosso ponto de vista seria um dos motivos que nos levaram a realizar o presente trabalho. O tema nos parece rico e digno de ser explorado, por isto que o quadro clínico da afasia em crianças oferece condições excepcionais para estudo, uma vez que as lesões vão atingir estruturas nervosas em evolução, livres