A revisão de manuscritos por especialistas no tema, e as sugestões deles incorporadas no trabalho ou usadas para rejeitá-los é chamada de revisão por pares ("peer-review system"). Esse recurso é usado de maneira regular desde o início do século XVIII, pela Medical Essays and Observations, de Edimburgo, Escócia e tem a sua efetividade reavaliada periodicamente (1) . O sistema já foi definido como "uma negociação entre um autor e uma publicação acerca do âmbito de conhecimento que finalmente surgirão impressas"(2) ou como "uma avaliação, por peritos, da qualidade e pertinência da investigação de outros peritos do mesmo campo" (3) . O sistema, também chamado de arbitragem científica, é considerado um dos pilares fundamentais da ciência, usado também para concessão de verbas para pesquisa e prêmios ou honrarias para pesquisadores.Na década de 80, do século XX, ele passou a ser parte da maioria das agências de fomento e revistas biomédicas do mundo. Dois fatores principais contribuíram para a sua incorporação formal no processo de publicação científica: o crescimento exponencial do número de artigos submetidos, e sua crescente especialização, fenômenos observados também no Brasil e já comentados nos ABO, anteriormente (4)(5) . Curiosamente, esse crescimento também demonstrou algumas fraquezas do sistema (6) . Alguns estudos abordaram a fragilidade do processo de revisão por pares, mas poucos têm oferecido alternativas razoáveis ao modelo (7) . As críticas estão relacionadas a diversos pontos; como o tempo gasto no processo, o cerceamento da liberdade do leitor de fazer sua crítica completa e pessoal, além do inevitável viés dos revisores. Naturalmente, a revisão por pares também não é suficiente para evitar a fraude que, para ser combatida, sempre necessitará de ferramentas mais sofisticadas e, principalmente, da análise crítica dos leitores.A maneira como o sistema é usado pode variar. Revistas prestigiadas como New England Journal of Medicine, The Lancet e outras aceitam entre 6 a 10% dos manuscritos submetidos. Algumas rejeitam até 50% dos artigos submetidos de imediato, por meio de revisões técnicas, não levando ao conhecimento de revisores especialistas na área, outras chegam a cobrar taxas apenas para fazer a análise, mesmo que acabe numa rápida rejeição do material, sem direito a reembolso. Na maioria das revistas, os revisores têm conhecimento de quem são os autores, no entanto, o anonimato do revisor normalmente só é quebrado se este assim o desejar.Como já observado pelo Prof. Harley Bicas, em editorial sobre rejeição de manuscritos, a decisão de rejeitar não é fácil de ser tomada, é passível de erro e a intenção dos ABO, ao tomar essa decisão é o melhor beneficio do leitor, procurando ser educativa para autores (8) . Erros no processo de avaliação ocorrem dos dois lados, prova disso é que dentre as causas de rejeição ou pendência na literatura científica médica a inadequação da metodologia estatística é apontada como uma das mais freqüentes. Revistas importantes como Nature Medicine, chegaram a apresentar ...