Percepção dos médicos sobre a violência obstétrica na sutil dimensão da relação humana e médico-paciente

Abstract

Iniciativas em busca de mudanças efetivas na assistência obstétrica, e a reivindicação do reconhecimento social da violência obstétrica ou institucional, são fenômenos atuais, fruto da reflexão multidimensional do que é constitutivo em um parto. Para identificar a percepção dos obstetras que prestam assistência ao parto em uma maternidade humanizada do sul do Brasil, foi proposta esta pesquisa, com base epistemológica qualitativa. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário aplicado a 23 médicos, analisados pelo método de análise de conteúdo por aproximação temática. Aprofundamos os aspectos da violência obstétrica percebida na dimensão da relação humana e médico-paciente, que envolve: a interação no encontro, os limites da autonomia da mulher na perspectiva do profissional, os desafios quando há divergência de opinião na tomada de decisão, bem como reflexões sobre a violência à qual o profissional se percebe submetido.

Violência Obstétrica E Neonatal E Suas Interfaces Com a Prevenção Quaternária: Uma Revisão Integrativa

“…Nesse sentido, os artigos apontaram a desvalorização da fala da parturiente e o abuso de poder dos médicos 34,40 , uma vez que há imposição do tipo de parto 25,47 . A carência de informação, coadjuva aos médicos na indução das pacientes à realização de cesariana, corroborando para que afirmações de que o parto normal é inviável, desde o pré-natal, seja compreendida como verdade 30 .…”

“…Os aspectos estruturais, apontados na literatura, referem-se as melhorias na ambiência dos serviços, referentes a adequação da estrutura e condições de trabalho, a privacidade das pacientes, a oferta de leitos e número suficiente de profissionais para atender a demanda, de forma que seja possível a oferta de assistência pautada no respeito tanto às pacientes quanto aos profissionais 41,47 .…”

“…Estudiosos evidenciam que as mulheres que foram orientadas previamente e demonstraram estar informadas e preparadas para o parto sofreram menor número de ações agressivas 47 . Aliado as orientações, a presença do acompanhante de livre escolha é apontado como um fator de proteção à VO, pois sua participação propicia a realização de perguntas e maior autonomia da mulher no processo de parturição [25][26]38,41 .…”

A percepção dos médicos sobre as dimensões da violência obstétrica e/ou institucional

“…However, when questions, refusals and challenge of the doctor's authority, of the prescribed conduct or of the institution's routines arise, there are disturbances in the understanding of the limits of women's autonomy. In these situations, it is difficult for the professional to respect autonomy 40 .…”

Maternidades contemporáneas: tribus digitales e interacciones con las instituciones de salud

“…The difficulties with respect to women's sexual and reproductive health reach extremes such as obstetric violence, a term that expresses a form of disciplinary power with actions that degrade and intimidate women in this area of their health 8 . Such actions are imposed in different countries of the world [9][10][11][12] , in a more notorious way during the process of childbirth, by ignoring human rights related to health, maternity protection 7 , sexuality and reproduction 5 .…”