O Pequeno Investidor Na Bolsa Brasileira: Ascensão E Queda De Um Agente Econômico

Abstract

Mercados e agentes econômicos não surgem espontaneamente a partir de oportunidades para maximizar ganhos ou minimizar perdas. Diante do vertiginoso crescimento dos pequenos investidores na Bolsa brasileira entre os anos de valorização historicamente inédita do mercado acionário nacional (2003 a 2008), este artigo busca compreender a construção duplamente material e social desses novos agentes e as práticas de investimento no país, evidenciando: (1) a difusão dos discursos de legitimação do investimento acionário circulados no período; (2) os dispositivos tecnológicos que constituem a agência calculadora desses pequenos investidores que passam a adentrar o mercado; e (3) os modos e estilos de operação desses investidores na Bolsa. Na conclusão, o argumento acerca da construção duplamente material e social desses agentes é retomado e sintetizado, sendo discutido, por fim, como o contexto posterior à crise de 2008 se expressa através do sensível declínio da participação do público de pequenos investidores no volume financeiro movimentado na Bolsa brasileira.

Os Fatores Determinantes Para a Entrada De Pequenos Investidores Na Bolsa De Valores Do Brasil

“…Em síntese, verifica-se que os pequenos investidores são considerados inicialmente leigos na Bolsa de Valores e acreditam que o mercado acionário é complexo e arriscado. Após a busca e expansão do conhecimento sobre o mercado acionário, os investidores passam a ser divididos em dois grupos, um que se orienta por conhecimentos tecnicamente complexos relacionados à computação e outro que permanece considerando a Bolsa de Valores como um "jogo de azar" devido ao seu histórico instável (Bonaldi, 2018). Oliveira e Paula (2008) afirmam que a popularidade dos sistemas online permite que os mais diversos perfis de investidores explorem os mercados financeiros, principalmente pessoas físicas em diferentes classes de renda.…”