Resumo Este ensaio examina o livro Eu sou macuxi e outras histórias de Julie Dorrico como uma auto-história de sobrevivência inserida nos atuais estudos literários dos povos originários que crescem a partir dos anos 1980 e 1990, propiciados pela resistência indígena que confronta o poder do Estado brasileiro, mais assiduamente desde os anos 1970. A ficção de Dorrico é também considerada no âmbito tanto da produção da forte tradição intelectual e filosófica indígena atual, progressivamente mais visível, presente e empoderada, como também de seus próprios artigos como pesquisadora e doutora em teoria literária. O ensaio mostra que a narrativa poética de seu livro toca em questões político-culturais ligadas aos campos de produção cultural e literário brasileiros, bem como demonstra afinidade com metodologias teóricas das pesquisas indígenas no território americano como um todo. Mostra que o trabalho intelectual de Dorrico é indissociável da prática de resistência política e, portanto, cultural e socialmente vital para todos os povos originários americanos.